Diretamente ligado a diversas doenças, como hipertensão, problemas cardíacos, diabetes e obesidade, o sedentarismo é um grave problema de saúde que demanda ação imediata

Considerado um dos grandes males do século XXI, o sedentarismo pode impactar negativamente na vida de pessoas, aumentando o risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes tipo II, obesidade e alguns tipos de câncer. É um problema de saúde que necessita ser combatido.

O sedentarismo se configura como um comportamento diário que se caracteriza por uma grande quantidade de tempo investido em atividades que não promovem um gasto energético adequado, segundo a nutricionista, Rafaela Severo. “A falta de prática de atividades físicas torna alguém sedentário, até mesmo aquelas pessoas que trabalham o dia todo e praticam atividades em seu lar são classificadas como sedentárias”, explica.

Ela relata que não necessariamente o peso corporal tenha a ver com a questão. “O peso elevado, sobrepeso ou obesidade, podem levar ao sedentarismo, mas isso não quer dizer que pessoas consideradas com o peso ideal não possam se enquadrar como sedentárias”, adverte.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos adolescentes do mundo inteiro são sedentários e 20% são de adultos que não praticam qualquer atividade física.

Além disso, o órgão recomenda que crianças e adolescentes façam pelo menos, em média, 60 minutos por dia de atividade física. Já para adultos, este número sobe para 150 a 300 minutos de exercícios de intensidade moderada por semana. “O sedentarismo impacta na qualidade de vida, na forma em que realizamos atividades essenciais para nosso cotidiano e na forma que enfrentamos adversidades na nossa saúde, como na recuperação de doenças. É indispensável quando pensamos em longevidade”, conclui a nutricionista.

Exercícios físicos proporcionam mais energia

Telma Stribam, 31 anos, encontrou no exercício físico mais do que um suporte, já que se tornou a sua profissão. Atualmente, ela é professora de Educação Física. Conta que passou a praticar exercícios físicos em 2016, e desde então segue com uma rotina de treinos. “Antes de conhecer esse ‘mundo’, me sentia bastante cansada, sem energia para concluir tarefas. Sempre fui considerada magra, mas uma falsa magra, já que não estava acima do peso, mas não possuía massa magra adequada”, relata.

Telma Stribam treina há oito anos

Antes de começar a treinar, sua rotina era diferente, e nela, não havia espaço para os exercícios, apenas as funções do dia a dia. “Já me senti sedentária, antes de conhecer e experimentar os exercícios físicos, os esportes, era assim. Apenas realizava as atividades diárias, que o trabalho e os afazeres domésticos exigiam”, explica.

O que virou a chave em seu comportamento, foi notar as melhoras a partir do que virava seu novo cotidiano, e sentir prazer por aquilo, fora a melhora em sua saúde mental. “Passei a gostar da rotina de treinos, e sentir falta dos dias que não podia ir. Outro aspecto relevante é a melhora da qualidade de vida adquirida aos poucos, o alívio do stress, as mudanças físicas, hormonais. O “pique”, como dizemos me fez continuar. É ter o corpo e a mente em equilíbrio”, revela.

Além disso, ao tornar a prática do exercício físico uma rotina, diversos outros aspectos em sua vida foram tomando forma, como a própria alimentação. “Treinar me levou a querer me alimentar melhor, sem me preocupar com dietas restritivas. Fui retirando, aos poucos, maus hábitos alimentares, reduzindo o açúcar, o óleo vegetal, o sal, refrigerantes, esses detalhes pequenos, que me proporcionaram melhoras físicas”, reforça. Ela complementa que essa mudança beneficiou também quem era do seu convívio. “O lazer com a família foi mudando. Viraram mais passeios nos parques, brincadeiras de bicicletas, caminhadas, sempre escolhendo algo relacionado a esportes e fugindo do sedentarismo”, traz.

Ela começou a graduação em Educação Física no ano de 2018, dois anos após iniciar esta rotina em sua vida. “Busquei uma profissão que proporcionasse uma realização social, neste aspecto; penso que posso fazer a diferença na vida das pessoas se conseguir transmitir um pouco de amor que tenho pelos esportes e assim transformar a vida das pessoas com conhecimento e saúde”, avalia.

Independente da idade

Elizabeth Valesca Lazzari, 70 anos, passou a ter uma vida mais repleta de exercícios físicos após se aposentar. “Como antes não tinha o hábito, acabava não sentindo a diferença. Mas com a prática, pude notar que o corpo cria mais agilidade, ajuda com as dores musculares, e consequentemente fui sentindo minha cabeça melhor, porque ficamos mais atentos e mudamos hábitos prejudiciais, já que observamos mais o corpo”, enfatiza.

Foi através do Sesc que ela passou a frequentar diversas modalidades, e assim, foi descobrindo gostos que sequer sabia que tinha. “Quando comecei a frequentar o Sesc, nas várias atividades que ele proporciona, fui começando a gostar de participar e me exercitar. E com isso, fui me habituando a praticar exercícios, seja na academia, nas atividades, que só fazem bem para o nosso corpo”, assegura.

Aos 70 anos, Elizabeth se vê como uma pessoa ativa, que venceu diversas dificuldades com uma rotina pensada para seu corpo. “Já fui muito sedentária ao longo da minha vida, e por muitos anos não fazia atividades, mas consciente de que aquilo não me fazia bem. Agora que criei o hábito, noto essas diferenças no meu corpo. A dica que posso dar, é que, em qualquer momento da tua vida, pratique, não interessa a idade, isso só vai fazer bem, é um grande benefício”, ressalta.

Dicas do Personal Trainer

Luiz Dorigon explica que os melhores exercícios são aqueles que dão prazer a quem os realiza

Luiz Dorigon é graduado em Educação Física e atua como personal trainer. Ele relata que a atividade física é extremamente importante, pois está ligada à qualidade de vida. “Todos querem ter uma vida longa e saudável, mas nem todos se preocupam com isso, principalmente na fase jovem. Esses dias ouvi uma frase, que faz muito sentido e me fez refletir, ‘A gente passa a segunda metade da vida se curando da primeira”, alerta.

Ele explica que um dos maiores motivos para as pessoas desistirem, é não priorizarem a atividade. “Em mais de 10 anos atuando como personal trainer, consegui observar que a maior dificuldade dos iniciantes é encaixar o exercício físico na rotina do dia a dia. Se você não tratar o exercício como prioridade, vai acabar deixando para segundo plano e desistindo”, reforça.

Dorigon traz que é necessário escolher modalidades que você gosta, assim, diminuindo as chances de desistência. “Não adianta insistir em algo que não te agrade, isso só vai aumentar a possibilidade de você desistir e voltar para uma rotina de sedentarismo. Os melhores exercícios são aqueles que te dão prazer em realizar, pois além de promover benefícios à saúde, a chance das pessoas desistirem é menor”, alega.