Eles vêm de fora em busca de estudo. Os pais largam para o mundo sua prole, acreditando que estariam bem cuidados, com plenas condições de sobreviver em outra cidade. Afinal, era prometido pelo Governo Federal um auxílio estudantil a estes adolescentes que, muitas vezes, não têm condições de se manterem na Capital do Vinho. Mas aí o conto de fadas foi destruído quando o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Campus Bento Gonçalves, passou a não receber a verba da União e não havia alternativa, a não ser reduzir em 50% o benefício para os jovens.
São 176 discentes que recebem auxílio, seja ele de moradia, transporte e/ou alimentação. Destes, 70 protestaram na tarde quinta-feira, 23, no IF. Dentre eles estavam Amanda Bordignon e Eduardo Alchiere, estudantes do primeiro ano de Técnico Agrícola.

Amanda é natural de Serafina Corrêa e veio para Bento com a promessa de conseguir concluir os estudos com o auxílio do IF. “Entrei esse ano e logo após fazer o pedido do benefício, ele foi deferido. Não recebi nada. Estou me mantendo com a ajuda dos meus pais, mas não está sendo fácil para eles”, comenta a adolescente.

Já Alchiere, natural de Sobradinho, recebeu 50% do auxílio estudantil, mas garante que esta quantia não é suficiente. “O custo de vida de Bento é muito alto, o aluguel é caro, as contas são elevadas e não há como se manter com o valor reduzido”, salienta. Além disso, os estudantes garantem que a maior preocupação, tanto do instituto, quanto dos colegas, é a evasão, que já começou a acontecer.

O Instituto Federal do Rio Grande do Sul, por meio do pró-reitor adjunto de ensino, Rodrigo Ernesto Schroer, salientou que a situação é realmente difícil para os estudantes, mas que as mudanças não estão ao alcance da institução. “É a primeira vez que o auxílio aos estudantes é cortado e/ou reduzido. De todo valor recebido pelo IF, tivemos uma redução de 20% e isso resulta, infelizmente, na diminuição do benefício estudantil”, observa Schroer.

Além disso, o pró-reitor adjunto destaca que, ao mesmo tempo que o valor reduziu, o número de jovens procurando pelo auxílio aumentou. “É inversamente proporcional. Temos pouco dinheiro e muitos alunos precisando de ajuda para vir estudar. Para poder ajudar a todos, acabamos reduzindo o valor dos que recebiam 100%. Divimos entre eles, para que não deixassem de ganhar a colaboração. Então, por exemplo, o Eduardo Alchiere, que um dia foi favorecido com o valor total, hoje recebe apenas 50%, pois precisamos dividir com outro colega que também, solicitou e não poderia ficar sem. Nós entendemos a situação deles e tentamos fazer com que fique bom para todos, com o pouco que temos. Entretanto não podemos garantir quando esse momento ruim vai acabar”, finaliza.

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