Nesta segunda-feira, em sessão ordinária da Câmara de Vereadores, o vereador Moisés Scussel, em seu pronunciamento, teceu severas considerações, por assim dizer, “à imprensa que só vê os vereadores, e não os magistrados, deputados, presidente…”, referindo-se aos comentários que se lê e ouve frequentemente, relativos aos gastos acima do tolerável pela sociedade. Essa “imprensa” nada mais faz do que relatar fatos. Simples assim! Em meus espaços, além de comentar sobre as ações promovidas pela população de muitos outros municípios no sentido de haver uma redução nos gastos das câmaras de vereadores (não só de salários, mas de outros, como diárias de viagens), tenho feito comparações entre valores e trabalho desenvolvido por câmaras em outras cidades. O nobre vereador sabe que a Câmara de Caxias do Sul não dispõe de um economista? Aqui temos um com salário superior a R$ 10 mil. Sabia que a Câmara de Caxias tem somente um assessor jurídico, cujo salário total é de R$ 7.584,26 e a Câmara de Bento tem dois, com salários entre R$ 12 e 14 mil mensais?Sabia que a Câmara de Caxias do Sul, que tem 23 vereadores, trabalha com três sessões semanais, a partir das 15h45min, sem horário para terminar? Sabia que os vereadores de Caxias do Sul não recebem 13º salário e os de Bento, sim? E se formos comparar muitas outras coisas, ficaremos mais abismados ainda. Quando viajam, recebem apreciáveis diárias e não se sentem na obrigação de prestar contas para a comunidade que paga essas contas. Deveriam fazer relatórios para a população também, para que ela possa avaliar os benefícios que essas viagens representam para o município como um todo. Já houve épocas em que aprazíveis locais de férias eram escolhidos para “seminários e cursos com vereadores” de todo o Brasil e que serviam tão somente para destroçar dinheiro público. Porque, agora, não há suficiente transparência para a população avaliar se houve ou não necessidade de gastos com viagens, inclusive para Porto Alegre? Por outro lado, não há como comparar as atividades da magistratura com a dos vereadores. Os primeiros têm concursos públicos que exigem ampla escolaridade, cultura e conhecimentos, além de muito tempo estudando para o concurso. A Constituição de 1988 é amplamente parlamentarista. Concedeu aos parlamentares de todos os níveis poderes inimagináveis. Os chefes dos poderes executivos são reféns dos legislativos e são forçados a “negociar” apoios do jeito que todos sabemos. Não se queixem, portanto, das críticas das quais são alvos. A menos que sejam injustas ou mentirosas. O espaço está, portanto, à disposição para contestações de quem quiser fazê-las. O povo está exercendo o seu direito de “jus esperniandis”, através da imprensa. Só isso!