Mês passado foi o melhor do período da pandemia da Covid-19 e seguiu tendência de junho, quando saldo entre admissões e demissões chegou próximo de zero. No ano, saldo ainda é negativo segundo o Novo Caged

Se os números da pandemia da Covid-19 dão sinais, ainda que tímidos, de redução – e em alguns países até instabilidade – pelo mundo afora, em Bento Gonçalves os índices de emprego e desemprego divulgados pelo Novo Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), órgão do Ministério da Economia, apontam para uma retomada dos índices de empregabilidade do período pré-coronavírus. Depois de um abril desastroso, com quase 1,5 mil postos de trabalho fechados por força dos sucessivos decretos dos governos estadual e municipal restringindo as atividades econômicas como forma de prevenção à doença, julho voltou a apresentar um saldo positivo entre admissões e demissões.

Foram 228 vagas abertas a mais do que os postos de trabalho fechados no período. Uma tendência que já se mostrava em queda em junho, quando o saldo foi negativo, com 25 demissões acima do total de admissões realizadas pelo comércio, indústria e serviços em geral, no município. O mês de maio já havia se mostrado mais favorável à empregabilidade, com um saldo negativo de 654 pessoas desempregadas. O melhor mês de 2020 continua sendo janeiro, com quase duas mil admissões e um saldo positivo de 643 empregos gerados no começo do ano.

Já nos sete meses – de janeiro a julho passado – o saldo negativo também apresentou queda em relação ao mês anterior. Se em junho o acumulado de demissões a mais era de 1.184, em julho este número caiu para 978, uma redução de 17,39%. De junho para julho as admissões passaram de 7.838 para 9.120, e as demissões de 9.022 para 10.098 conforme o Jornal Semanário mostrou na reportagem “Emprego e desemprego: 2020 é o pior ano da década em Bento, segundo o Caged”. O segundo melhor mês em termos de empregabilidade, foi fevereiro, com saldo positivo de 479 vagas.

Para saber

A evolução dos números:

O setor do comércio ainda oscila e em julho manteve um saldo negativo de 30 postos de trabalho fechados (229 demissões contra 199 admissões no mês). No mês anterior, junho, o saldo negativo foi de 15 empregos e, em maio, de 60 demissões a mais.

No setor da indústria o levantamento do Novo Caged para o mês passado é mais positivo. Foram 733 novas vagas de emprego contra 391 desligamentos, um saldo positivo de 342 novos postos de trabalho.

O pior mês para os trabalhadores da indústria foi, justamente, abril, o do pico da pandemia da Covid-19 quando as atividades econômicas mais sofreram com restrições visando evitar ao contágio da coronavírus.

O setor moveleiro (de fabricação de móveis em geral) foi responsável por quase metade dos novos postos de trabalho em Bento. No setor, foram contratadas 297 pessoas contra 137 desligamentos, ou seja, um saldo positivo de 160 postos de trabalhos gerados .

Dirigentes empresariais já falam em otimismo

O presidente do Sindilojas Regional Bento, Daniel Amadio, classificou a reação do índice de empregabilidade de julho como “muito tímida” se o saldo positivo de julho, de 228 admissões a mais do que as demissões, for comparada com o total das vagas que foram fecadas desde o início da pandemia da Covid-19. Sobre o comércio do município, como um todo, envolvendo os estabelecimentos varejistas e atacadista, além de todos os outros, “está em 323 (empregos) negativo no acumulado de março para cá.
A reação é um um sinal positivo, sim, mas tímido ainda perante tudo que foi destruído desde que começou a pandemia do coronavírus”, destacou.

Outro dirigente do meio empresarial, Rogério Francio, presidente da Movergs, avalia o resultado de julho com uma maior oferta de postos de trabalho no município como resultado do aprendizado dos empreendedores. “A partir do momento em que começamos a conjugar o verbo aprender, ou seja, conviver com essa nova normalidade, imediatamente nos adaptamos. O momento tem sido de otimismo, sem dúvida, com a reação que temos visto especialmente nos últimos três meses, tanto nas negociações com o mercado interno, quanto externo”, afirma.

De acordo com Francio, “todos estão trabalhando para recuperar perdas e fazer de 2020 um ano de superação e não um ano perdido, como muitas pessoas estão lamentando por aí. Como os próprios números demonstram, há uma resposta positiva, o que reflete também em maior contratação e nos dá ânimo para seguirmos adiante”, diz. Quem diz ter recebido os números de julho do Novo Caged como “surpresa positiva é o presidente do Centro de Indústria, Comércio e Serviçlos (CIC), Rogério Capoani. Principalmente porque “diante de todas as circunstâncias provocadas por esta pandemia global, que fez muitos estragos, imaginava-se uma retomada da economia, em âmbito de Brasil, muito mais a longo prazo”.

Marcos Carbone, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Bento, entende que o resultado positivo e que aponta para uma reação da economia como um todo é consequencia da “maior previsibilidade” na tomada de medidas restritivas e que atingem o setor produtivo sob o argumento de conter o contágio pelo coronavírus. “Especialmente no que diz respeito às normativas que regulam o direito de os estabelecimentos exercerem suas atividades com regularidade, sempre obedecendo aos cuidados sanitários necessários, percebe-se o início do movimento de retomada da economia, com reflexo direto e imediato na empregabilidade”, afirmou o dirigente.

Automação
Amadio, do Sindiolojas, também aponta para um vies negativista quando olha o futuro com as mudanças que a Covid-19 introduziu no cotidiano das empresas e das pessoas. “As empresas, de muitas formas, acabaram se adaptando à produtividade, com automação e várias ferramentas que acabaram destruindo empregos. Com isso, não se conseguirá mais voltar aos patamares que eram antes”, projeta. Mesmo assim, o presidente do Sindilojas reafirma que os resultados de julho foram positivos. “Sim, de forma tímida, mas não para que se possa comemorar, pois ainda estamos muito longe do que perdemos”. Ele comenta, ainda, como representante dos lojistas, que a categoria espera que esse seja o início de uma retomada de empregos, “que a economia comece a normalizar e que a partir daí a gente consiga recuperar tudo que se perdeu”.

É um indicador que renova nosso otimismo, confirmando que temos potencial em termos de produção e consumo represado, o que nos permitirá sair dessa situação o mais rápido possível

Rogério Capoani
Presidente do CIC-BG

Esperamos que esse seja o início de uma retomada de empregos, que a economia comece a normalizar e que a partir daí a gente consiga recuperar tudo que se perdeu.

Daniel Amadio
Presidente do Sindilojas

Esse indicador nos permite confirmar que é possível conjugar de forma equilibrada os cuidados com a saúde e as questões econômicas, com vantagens para todos

Marcos Carbone
Presidente do CDL-BG

Todos estão trabalhando para recuperar perdas e fazer de 2020 um ano de superação e não um ano perdido, como muitas pessoas estão lamentando por aí.

Rogério Francio
Presidente da Movergs