Segundo meteorologista, há chance de ocorrências de dias muito frios, além da possibilidade de geada, neve e chuva congelada. Cuidados com a saúde são necessários para essa época do ano

Na próxima segunda-feira, 21, às 00h32min, inicia a estação mais fria do ano. Antes mesmo de o inverno chegar, o frio dos meses de maio e junho demonstraram o que vem por aí: temperaturas mais baixas do que as registradas no mesmo período em 2020.

A meteorologista Ludmila Pochmann é quem explica o prognóstico climático de junho, julho e agosto. “As temperaturas devem ficar abaixo do padrão climatológico. Isso seria em torno de menos 2ºC nas médias. Então, a previsão é que seja um inverno rigoroso”, afirma.

O fenômeno climatológico que passou pelo país influencia nas previsões do tempo. “Estamos em um período de neutralidade, pois saímos de um La Niña. Nas épocas anteriores em que nós vimos esse cenário, tivemos entradas eventuais de frentes frias e eventos extremos, com ocasiões de cheias e enxurradas, principalmente nas bacias dos rios Taquari e das Antas, que ficam na região”, explica.

Ludmila aponta que possivelmente haverá a ocorrência de dias de muito frio. “Poderá ter geada e possibilidade também de neve e chuva congelada, por causa dessas temperaturas baixas e eventuais entradas de frentes frias bastante intensas”, conclui.

Saúde no inverno

De acordo com o médico do serviço de medicina preventiva do Tacchimed, Gabriel Tognon, algumas atitudes simples são capazes de reforçar o cuidado com a saúde durante o inverno. “Todas elas já são bem conhecidas, mas precisam ser realizadas sempre. Rotinas como renovar o ar da casa apesar do frio, manter o corpo hidratado, a rotina de exercícios físicos, estar em dia com as vacinas e, claro, usar sempre um bom agasalho ao sair de casa”, exemplifica.

Tognon explica que não há uma relação direta entre uma temperatura mais baixa e as doenças respiratórias. “O ar mais frio, porém, pode ressecar as vias aéreas com maior facilidade. Esse ressecamento pode causar inflamações que, consequentemente, fecham os brônquios. É por essa razão que pessoas que já têm algum problema respiratório, como rinite, tendem a sofrer mais nessa época do ano”, ressalta.

Além disso, o médico salienta que elementos alérgenos, como ácaros de poeira, mofo e poluentes, também podem agravar doenças respiratórias. “Em dias frios, costumamos passar mais tempo em ambientes fechados e úmidos, o que facilita a propagação desses elementos. Em contato com a mucosa ressecada, eles tendem a irritá-la com mais facilidade, desencadeando reações”, esclarece.

Crianças e idosos tendem a ser as principais vítimas, pois suas mucosas são mais sensíveis. “Os ambientes que eles frequentam precisam receber cuidados especiais. Manter a limpeza em dia ou lavar roupas de frio que estão guardadas há muito tempo antes de usá-la são boas medidas preventivas que podem auxiliar a reduzir os índices de doenças”, finaliza.

Temperaturas abaixo de 7,2ºC são essenciais para videiras

Cada estação é de extrema importância para manter os parreirais, cultivo essencial para a Capital Nacional da Uva e do Vinho. Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a videira é bastante resistente às baixas temperaturas quando se encontra em repouso vegetativo. Neste estado, algumas variedades podem suportar temperaturas mínimas de até -20ºC. Ademais, o frio é importante para assegurar uma brotação adequada.

Segundo o técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS) de Bento Gonçalves, Thompson Didoné, atualmente os viticultores estão fazendo o plantio e a reforma do vinhedo. “Além da adubação de inverno e, principalmente, o controle de pragas, especialmente as cochonilhas, com a utilização de calda sulfocálcica ou óleo mineral, com aplicações localizadas onde se encontram as pragas”, explica.

Didoné salienta também que é necessário acúmulo de horas de frio abaixo de 7,2ºC. “É importante para uma boa brotação das videiras, também diminui a população de pragas e de fungos patogênicos, além do controle natural das ervas daninhas”, conclui.

Foto: Franciele Zanon