Chega a sexta-feira. O alívio de terminar uma semana com o despertador ativado todas as manhãs. Tudo é possível na sexta, sair, assistir até tarde. Engraçado que aos sábados podemos até acordar cedo por opção, mas não importa. Por que na sexta à noite sou livre se no sábado acordo no mesmo horário que nos outros dias e ainda mais porque EU QUERO? Por que acordo cedo para CORRER 5KM se posso ficar dormindo, coisa que passei os últimos cinco dias desejando como se fosse a última água do deserto?
Nosso inconsciente é fantástico. Para os que não sabem que ele existe, são auto sabotados diariamente. Para os evoluídos, uma constante mudança de hábitos para melhor. Para mim, uma frustrante certeza do que devo fazer, mas não consigo. É como gritar sem ter voz, ver um prédio ruindo sem poder fazer nada, estar consciente e não poder se mover.
Qualquer que seja o plano, ele precisa começar agora. Sempre agora, a partir daquele momento, minutos depois do que se pensou. Não existe planejamento, nem planilha que funcione. Sou a personificação perfeita da procrastinação. Não posso deixar nada para amanhã, porque este amanhã perfeito onde há banho, café e jornal na TV pela manhã não existe (aliás, meu sonho Brazél).
Por falar em TV, eu tenho uma, mas simplesmente esqueço de ligar ela. Reitero em vossos corações a moléstia de lavar a louça sem ouvir o bordão do Jornal Nacional nem os gemidos sufocantes da novela das 9. Também preciso comprar uma bolsa nova. Minha bolsa tira toda credibilidade da minha imagem, mas ando com muito dó de gastar para comprar essas coisas. Estou adiando há alguns meses e é um sarro achar que o fruto disso é uma economia de dinheiro.

– Bolsa nova? Bah, não vai dar agora…
– Melissas? Nossa, era tudo o que eu mais queria.
– Bolsa nova? Vou esperar mais um pouco.
– Dromedários? Claro, quero dois!

Porque raios a mente acha que está tudo certo quando está tudo errado? Porque a mente é sacana, tenta enganar o tempo inteiro, quem caiu, caiu. Desde quando um sonho é sinônimo de ansiedade e tristeza? Desde quando se comparar com os outros e se sentir menosprezado é mesmo um ato de bravura?
O maior inimigo está dentro de cada um, sabotando planos, sorrisos e noites de sono. Pode ser que hoje não sei dizer como enfrentar esse inimigo, mas quem sabe estou no meio daquela fumaça artificial de festa sem lentes de contato tentando dançar e ao mesmo tempo tatear meus amigos ao redor. Pelo menos a gente tenta!