Escassez de verbas, projetos paralisados e isenção de responsabilidades travam andamento de reparos em obras

Quem transita pelas rodovias da região já deve ter passado por algumas das pontes que ligam os municípios de Bento Gonçalves e região. Seja por sua forma arquitetônica ou pela natureza ao seu redor, é difícil não prestar atenção em todo o contexto. No entanto, com o passar dos anos e a forte movimentação diária nos trechos, suas estruturas são afetadas, resultando em fissuras, danificação da malha asfáltica existente e por aí vai. É o caso de três pontes localizadas na BR-470, ERS-431 e estrada municipal de Cotiporã. Em alguns casos, vistorias foram realizadas, porém, até o momento, nenhuma obra de recuperação teve início.

É o caso da ponte localizada na ERS-431, no distrito de Santa Bárbara. A estrutura de 280 metros existentes nos trechos sofre com o movimento intenso de carros e caminhões diariamente. Buracos e fendas podem ser visualizadas em toda a extensão da estrutura construída entre os rios das Antas e o Carreiro que formam o rio Taquari. A reportagem do Semanário esteve no local e constatou que vigas de ferro, que integram as camadas da ponte já estão visíveis, obrigando motoristas a desviar para não passar por cima. Em nota, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) informou que o local deverá sofrer intervenção nos próximos dias. “A 2ª Superintendência Regional, em Bento Gonçalves, está programando a manutenção da ponte na ERS-431”, afirma.

Finalizada em 2017, a conclusão da ponte sobre o arroio Santa Bárbara, na altura do quilômetro 18 da mesma rodovia, em Linha Alcântara, permitiu que os motoristas que trafegavam pelo trecho evitassem passar por um desvio em uma estrada de chão de aproximadamente 800 metros. A obra, iniciada no governo de Yeda Crusius (PSDB) é a única no trecho em que as condições de trafegabilidade estão boas. Não há fendas e nem avarias na malha asfáltica que possam danificar ou prejudicar o tráfego de veículos no local. A obra teve investimentos no valor de R$ 527 mil.

Outra estrutura que sofre pela ação do tempo e da natureza é a estrutura que liga o município de Cotiporã à Bento Gonçalves. A ponte, de responsabilidade municipal, é conhecida pelos constantes bloqueios causados pela elevação do rio das Antas nos períodos de chuva. Quando isso ocorre, a alternativa para os motoristas é usar a BR- 470, em Veranópolis, e posteriormente a RS-359 até Cotiporã. O trajeto aumenta o tempo de viagem em cerca de uma hora.

Projeto de nova ponte aguarda aval do Daer

Em 2015, a possibilidade da construção de uma nova ponte foi divulgada, mas até o momento não existe um projeto técnico da nova ponte. O município aguarda um aval do Daer para iniciar a elaboração.

Além do bloqueio, oriundo das cheias do rio, a estrutura sofre com diversas avarias causadas pelas águas. Partes das laterais da ponte foram arrancadas. De acordo com o secretário de Obras de Cotiporã, Valdir Falcade, diversas demandas foram encaminhadas pelo município aos órgãos estaduais e federais em busca de uma solução, no entanto, sem novidades. “Cotiporã e Bento estão dispostos a dar andamento ao projeto, porém, ainda aguardamos um posicionamento do Daer. Há três anos eles ficaram de vir para cá, a fim de nos indicar o local mais apropriado para a construção da nova ponte. Mas até agora não recebemos a visita”, lamenta.

Ainda, segundo Falcade, a administração de Cotiporã esteve recentemente com o governador Eduardo Leite reforçando a necessidade de dar andamento no projeto que deve custar cerca de R$ 25 milhões. “A partir do momento em que recebermos o aval do Daer, poderemos dar andamento ao estudo de impacto, ao projeto em si e buscar os recursos para definitivamente solucionarmos a situação”, explica.

Peso de veículos afeta estrutura na BR-470

Outra preocupação constante de motoristas é a ponte Ernesto Dornelles, localizada na BR-470, entre Bento e Veranópolis. Reparos emergenciais realizados em 2015, após a vistoria que detectou diversas avarias na parte estrutural de um dos principais cartões postais da região não foram finalizados. Naquela época, engenheiros do Daer estiveram no local e analisaram os problemas na obra e também na imprudência de motoristas que passavam pelo local com veículos acima do peso permitido, de 36 toneladas. Como precaução, autoridades decidiram reduzir a velocidade para veículos.

Ainda em 2016, um levantamento foi realizado, elencando os serviços necessários no local onde todas as informações foram encaminhadas ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que atualmente administra a rodovia. Hoje, motoristas não podem ultrapassar os 30km/h ao passarem pelo local. Em 2016, ocorreram apenas reparos nas cabeceiras. Com 277 metros de extensão, a obra foi inaugurada em 1942 e, naquela época, era considerada a terceira do mundo em arcos isolados e a primeira com arcos paralelos.
Mesmo sendo uma obra construída em uma rodovia federal, o Dnit informou à reportagem que o local está sob responsabilidade do governo do Estado, sendo administrado pelo Daer. Em nota, o Daer negou a informação e apontou que o trecho é de domínio federal.