Centrada na família e na vida rural, o trabalho consumia suas energias e suas vidas nos afazeres domésticos, como MISSÃO E VOCAÇÃO.

Hoje, quando analisamos a imagem da mulher lutadora que concentrava o olhar no contexto e na dinâmica familiar, o cotidiano, o trabalho e os poderes que se instituem, vem a tona carregados de sentimentos e de recordações.

Como muitas mulheres, as imigrantes da região, tiveram pouco tempo, habilidades ou incentivos para registrar pensamentos e sentimentos. “Suas Vidas” foram dedicadas ao trabalho doméstico e ao cuidado aos filhos, na manufatura de confecção de tecido e bens de consumo, nas tarefas da agricultura e nas casas, com o bem estar da família.

É nesse cenário de narrativas femininas, que nos levam ao passado, servindo como elemento de comparação entre suas próprias experiências, permitindo captar o que nos dá “a cultura do fazer com o que se tem”, num ambiente artesanal muito valorizado na cultura de hoje.

Os escassos recursos econômicos e as distâncias dos centros comerciais da grande parte dos imigrantes obrigaram a suprir as necessidades da forma mais prática, dependendo dos recursos de cada família. As mulheres desde meninas precisavam se preparar para serem donas de casa.

Uma dona de casa, para a época, precisava saber cozinhar, costurar, lavar roupa, bordar, fazer crochê, tricô e manter a casa em ordem e acompanhar o marido na roça e ainda lidar com todos os animais domésticos.

Mas, como comprar a linha, as agulhas e o material para seu aprendizado??

Primeiramente, aprendiam a fazer com recursos próprios. Na época da colheita de trigo e do milho, deviam saber colher e escolher a “palha” de melhor qualidade. A palha de milho para fazer os colchões, as cestinhas. A palha de trigo para fazer as “tranças”, são sete palhas cuidadosamente trabalhadas. Na família todos aprendiam a fazê-la para vendê-la aos comerciantes, ou para fazerem chapéus, cestas e outros utensílios da casa.

Depois das necessidades da família, essa venda, as meninas e as donas de casa compravam a linha para bordar, o tecido para fazerem as roupas da casa e também era feito o “escambo”, isto é, a troca de mercadoria, como: o sal, o açúcar, o café e os mantimentos para a casa. Se sobrasse algum troco, compravam a linha para bordar. Como eram pessoas de necessidade, as linhas e agulhas ficavam em segundo plano. Assim, surgiu uma forma de trabalhar o artesanato e consequentemente “a cultura do fazer com o que se tem”…

No próprio pano do saco de açúcar eram feitos “OS GROPPI” os “nós”. Ficavam como se estivessem feito uma renda, tal era a habilidade que se tornava, algo muito apreciado por serem resistentes e de muita durabilidade.