Não há nada mais perigoso do que a ignorância. Da ignorância nasce a maioria dos outros males como a intolerância e o fanatismo, que já provocaram e continuam provocando morte e destruição pelo mundo.
Segundo Sócrates, há dois tipos de ignorante: o que sabe que não sabe e o que pensa saber, mas não sabe. Acho que o Brasil representa um terceiro tipo, o ignorante teimoso, que insiste em permanecer na ignorância apesar da chance de sair dela. Ele intui que uma cortina de fumaça está impedindo-o de ver as coisas de forma clara, mas escolhe ficar em sua zona de conforto, enxergando apenas o que não o desafia.

Estou falando das limitações para a pesquisa da Cannabis Sativa impostas pela legislação brasileira. Embora os cientistas tenham iniciado os estudos da planta para o uso medicinal, ainda em 1950, com grande avanço na década de 1970 a 1980, a ponto de os resultados serem publicados em revistas respeitáveis, no exterior, aqui, não houve interesse em fomentar as pesquisas. Por quê? Parece óbvio: saúde nunca foi prioridade.

Um dos 400 compostos da Cannabis Sativa, vulgo maconha, é o Canabidiol, usado em alguns países para tratar pacientes com doenças graves, como o câncer, o Mal de Parkinson, doenças neurológicas, no tratamento da náusea e dos vômitos causados pela quimioterapia, para melhorar a caquexia (enfraquecimento extremo) de doentes com HIV, esclerose múltipla, além de aliviar alguns tipos de dores. É pouco?

Conforme divulgado pela mídia há alguns meses, quem experimentou e se deu bem com medicamentos à base de Canabidiol para o controle das convulsões, é obrigado a entrar na Justiça para importar o produto. Neste grupo, estão crianças que sofrem de um tipo raro de epilepsia e que não obtiveram sucesso em seus tratamentos com todos os anticonvulsivos vendidos no Brasil.

Diante desse panorama, a nossa indignação: por que a legislação brasileira coloca a Cannabis e seus derivados no mesmo nível de proibição da droga conhecida como “maconha”, “marijuana”, “bagulho”… , consumida para o sujeito “viajar”? Por que dificultar assim o avanço da ciência e seus benefícios na área da saúde? Não está na hora de desmistificar a idéia de que a cannabis sativa é uma planta do mal, como já se fez com a papoula, da qual deriva a morfina, usada contra dores severas?

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Opa! Opa! Opa! Neste exato momento, às 13h30min do dia 14 de janeiro de 2014, o Jornal está noticiando que a Anvisa acaba de liberar a substância canabidiol para uso medicinal! Caraka! Se eu soubesse desta minha força, teria escrito antes…