Operando no vermelho ao logo do ano, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) demitiu seus funcionários e suspendeu todas as atividades. Com irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), a entidade deixou de receber R$ 12 milhões do Fundovitis. Para o setor não ser prejudicado, a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) mudou seu estatuto para receber a verba. O convênio ainda não foi assinado, mas a entidade já organiza seu plano de trabalho.

De acordo com o presidente do Ibravin, Oscar Ló, o setor esperou até agora para resolver a situação porque ainda acreditava que daria tempo para o Instituto se regularizar. “Como não temos a perspectiva de renovação do convênio esse ano, não tem porque manter a estrutura”, diz.

Contando com os últimos meses do ano, o Instituto espera regularizar a situação ainda em 2019, Ló conta com a possibilidade de receber o convênio em 2020. Porém isso não é certo, pois depende da aprovação das entidades envolvidas. No Ibravin, dois funcionários foram mantidos, enquanto se trabalha para regularizar a situação junto ao estado. Os demais tiveram sua demissão feita ainda na sexta-feira, 27.

O presidente da entidade aposta que eles serão recontratados. “As entidades estão cientes que os serviços essenciais precisam ser mantidos”, diz.

R$ 1 milhão em aberto

O Ibravin vinha acertando valores de quem recebia até R$ 5 mil. O Laboratório de Referência Enológica também já estava sem insumos desde agosto. A entidade encerra suas atividades com cerca de R$ 1 milhão em aberto. Mas Ló garante que não ficarão dívidas. “Dentro desse convênio com a Uvibra poderia se pagar os dividendos, pois os serviços foram prestados”, afirma.

Entidade precisa devolver R$ 380 mil

O TCE auditou as contas do Instituto no período entre 2012 e 2016. O valor recebido pela entidade ao longo desses anos foi de R$ 36 milhões, dos quais, R$ 380 mil precisam ser devolvidos, pois não tiveram os gastos aprovados. O relatório do TCE aponta valores relativos a despesas que não são consideradas públicas, como lanche para reuniões, falta de cartão de embarque de passagens aéreas e curso de língua para funcionários.

Futuro incerto

Em entrevista em agosto, quando se começou questionar a possibilidade da Uvibra assinar o convênio, o presidente da União, Deunir Argenta, disse que seria feita uma nova gestão do fundo e a entidade não encamparia as ações do Ibravin. “São movimentos totalmente diferentes. É vida nova”, ressaltou.

Foto: Cristiano Migon