A preservação do meio ambiente começa com pequenas atitudes diárias, que fazem toda a diferença. Uma das mais importantes é a reciclagem do lixo. As vantagens da separação dos resíduos domésticos ficam cada vez mais evidentes. Além de aliviar os lixões e aterros sanitários, chegando até eles apenas os rejeitos (restos que não podem ser reutilizados), grande parte dos resíduos sólidos gerados em casa pode ser reaproveitada. A reciclagem economiza recursos naturais e gera renda para os catadores de lixo, parte da população que depende dos resíduos sólidos descartados para sobreviver.

Em Bento Gonçalves, o Poder Executivo orgulha-se em apresentar anualmente os números da reciclagem do lixo, que atualmente chega à casa dos 24%. Além disso, logo a cidade contará com a primeira Usina de Resíduos Sólidos, que atualmente está suspensa pelo TCE, mas deve gerar energia através da queima do lixo.

Entretanto, a reciclagem e a destinação correta dos subprodutos é um processo de duas partes, envolvendo a comunidade e a empresa que presta o serviço. E em Bento Gonçalves, de acordo com um vídeo que circula nas redes sociais, o lado que corresponde a concessora do serviço nem sempre é bem executado. Conforme as imagens, em alguns casos os coletores estão colocando materiais orgânicos, recicláveis e até mesmo vidro em um mesmo caminhão, compactando todos os resíduos ao final do processo.

O erro parte justamente de quem é pago para zelar

A prática não só fere a ética e a confiança pública, que acredita no destino final dos produtos, mas também o contrato firmado com a empresa e o meio ambiente, uma vez que o lixo representa, hoje, uma grande ameaça à vida no Planeta por duas razões fundamentais: a sua quantidade e seus perigos tóxicos.

É vergonhoso constatar que, após centenas de campanhas do Poder Público, assim como de Organizações Não Governamentais (ONGs), o erro parta justamente de quem é pago para zelar pela destinação do produto. A prática faz da sociedade joguete, da natureza vítima e caloteia os cofres públicos.

Torcemos para que a RN Freitas, empresa responsável pela coleta na cidade e cujo caminhão aparece nas filmagens, dê a devida atenção ao caso e passe a fiscalizar a conduta de seus funcionários. Assim como exigimos que o órgão competente da Prefeitura apure as evidências e aplique as penalidades fixadas no arcabouço legal. Deixar algo tão errado passar despercebido é ser conivente com a depreciação ecológica e incentivar o mau uso do dinheiro municipal.

Ademais, embora boa parte da população não veja, reciclar produtos dá sustento a dezenas de famílias na cidade, que trabalham em Associações de Reciclagem espalhadas por todos os cantos. Vale lembrar que reciclar é nos proteger de nossa própria devastação.