Político, que atualmente desempenha funções no Ministério da Cidadania, fala sobre perspectivas de futuro na política e experiências no Governo Federal

Com vasta bagagem política e prática, e agora desenvolvendo trabalhos à frente do Departamento de Economia Solidária – DAS 101.5, do Ministério da Cidadania, em Brasília, o ex-prefeito de Bento Gonçalves, Alcindo Gabrielli (MDB), aproveita o tempo que dedica à pasta no coração político do Brasil para focar em demandas voltadas para o fomento de empreendimentos econômicos solidários. Entretanto, com a eleição do ano que vem se aproximando, o experiente político não descarta uma possível candidatura à prefeitura da Capital Nacional do Vinho.

Atuando há cinco meses na capital brasileira, o ex-mandatário municipal reitera que a experiência no âmbito federal tem sido um aprendizado importante para a atuação em governos. Entre suas novas funções, Gabrielli contribui na criação, manutenção e ampliação de oportunidades de trabalho e geração de renda por meios de empreendimentos organizados de forma coletiva e participativa. “Trata-se de uma forma alternativa frente à economia formal de emprego e voltada para o público mais vulnerável e de baixa renda”, explica.

Gabrielli adianta que se houver o pedido do MDB, pode colocar seu nome para concorrer em 2020

Embora a atual função esteja enquadrada como cargo de confiança, a convite do Ministro Osmar Terra (MDB), o ex-prefeito ressalta que os objetivos são os mesmos, sendo que o que vale é o resultado produzido. “Sou filiado ao MDB desde 1990. Fui vereador por dois mandatos, vice-prefeito e prefeito de Bento Gonçalves. A diferença é que a minha função atual não é eletiva. As intenções são as mesmas. Trabalhar em favor de nossa gente, respeitar o dinheiro público, ser transparente, aplicar bem os recursos, enfim, tudo é responsabilidade e aprendizado. Fazer isso de forma correta não se fica rico sob o ponto de vista financeiro na atividade pública. Se você trabalhar bem, fica rico em satisfação de ter ajudado, se dorme tranquilo”, garante Gabrielli.

Contudo, mesmo com o distanciamento físico, os pensamentos do político ainda são direcionados em parte para Bento Gonçalves, e, como consequência, há chances de seu nome entrar na disputa ao Executivo Municipal nas próximas eleições. “A minha preocupação é a de desenvolver está nova função de diretoria e assessoramento superior de forma a não decepcionar aqueles que me confiaram esta missão. Não tenho um projeto pessoal. Já tive a felicidade de ser Prefeito de Bento Gonçalves. Se houver uma decisão partidária no sentido de que eu deva concorrer a Prefeito, vou analisar com muito carinho. Entendo que nossa cidade pode muito mais. É preciso priorizar as contas públicas para priorizarmos os investimentos nas pessoas e não na pessoa do Prefeito”, adianta.

A “nova” política

Ao mesmo tempo em que o Brasil assiste à criação de movimentos que defendem a renovação política e ao surgimento de escolas de formação de novas lideranças, as principais previsões para os próximos anos não são de grandes mudanças. Neste cenário, Gabrielli acredita na essência do discurso voltado ao povo, com transparência e ficha limpa ao invés de promessas incertas de inovação. “O que é ser novo na política? Ser novo na política é prometer uma coisa na campanha e fazer outra no governo? É ser o dono do poder, ter o discurso fácil e bonito? É aquele que faz cursinho em Nova Iorque? Tem novo que até emendas parlamentares está inventando no RS. Tem prefeito novo que se dizia diferente e colocou o irmão de secretário. Com algumas exceções, este é um jogo de marketing. É um discurso elitista. É uma visão que parece clara, mas é turva e que valoriza a edificação de um muro que não aproxima, que não valoriza o diálogo. Temos bons cidadãos em todas as áreas e setores de nossa sociedade. Tem político de se dizia novo e que está praticando atos não republicanos e existe político que está há muitos anos em atividade e não existe nada que manche a sua trajetória”, afirma.

Passado de conquistas e bons resultados

Mandatário entre 2005 e 2008, o ex-prefeito orgulha-se de ter deixado boas marcas durante seu período na administração municipal. Além de saldo positivo no caixa público, o político relembra com tranquilidade outros fatores célebres dentro da administração de Bento Gonçalves. “Durante o nosso mandato procuramos aplicar bem o dinheiro público arrecadado, em especial, em obras sociais, além de Educação, Saúde, Segurança, Infraestrutura. Felizmente, deixamos a prefeitura com quase 16 milhões de saldo positivo em caixa. Não fizemos nem um centavo de empréstimos. Não contraímos dívidas para outros administradores pagar. Cumprimos com nossa obrigação. Não respondemos por nenhum processo de improbidade administrativa na Justiça Federal, Estadual e Criminal. Além disso, após longa análise no Tribunal de Contas e no Tribunal de Justiça, todas as nossas contas foram aprovadas e fomos isentadas de qualquer responsabilidade”, relembra.

Após o primeiro mandato, mesmo com Bento sendo a 1º colocado do RS no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica medido pelo Ministério da Educação naquele ano e após diversas premiações, em uma eleição acirrada contra o candidato do PT, Gabrielli não alcançou a reeleição. Entretanto, hoje, a posição do político sobre o ocorrido é de compreensão e aprendizado. “Não tenho qualquer mágoa ou ressentimento. Podemos tirar boas lições também nos momentos de insucesso. Encaro as coisas com muita naturalidade. Voltei para a atividade de advogado que é a minha profissão e depois de 10 anos retornei para a atividade pública. Tudo é aprendizado. Temos momentos na vida – e na política, em que é preciso se retirar. Deixar as pessoas olharem o que veio depois. Olhar para dentro de si, recolher-se, amadurecer. Ver onde você errou. Enfim, mudar o rumo, se necessário”, contempla Gabrielli.