Neste feriado religioso, me lembrei de dois fatos ocorridos nos arredores e que fazem parte do folclore dos respectivos municípios.
O primeiro aconteceu no interior de Pinto Bandeira, numa Linha cujo nome é uma reverência à Pátria, onde dois irmãos, católicos fervorosos, resolveram construir uma capelinha em homenagem à santa de sua devoção. Feito o esboço, trataram de juntar areia, cimento, brita, tudo no muque. Depois de pronta a obra, a dupla viajou a Porto Alegre para comprar a imagem que seria colocada no pedestal.
Na loja, ficaram maravilhados com as esculturas. Escolheram a maior de todas, mas quando foram informados do preço, baixaram o nível de exigência. Dez centímetros a menos não fariam diferença, pensaram os fiéis, com os pés no chão… e as mãos no bolso. Mas, na hora de pagar, recuaram de novo, pois o valor ainda era alto para os seus padrões. E assim continuaram pesquisando, e nada de achar a imagem no tamanho de sua “generosidade”. Uma hora depois, um dos irmãos, já desanimado, mas não querendo retornar com a mala vazia e a consciência pesada, apelou junto à vendedora:
– Será que vocês não tem uma santinha mais vagabunda?

A visita do bispo

Esta aconteceu pelas bandas de cá, no Triângulo Gaúcho, entre Santa Tereza, Linha Leopoldina e Monte Belo, onde residia um católico praticante, penitente, mas blasfemador contumaz, incapaz de abrir a boca sem falar um monte de impropérios contra Deus. Não que quisesse. Estava no comando automático do cara, e ele não tinha controle sobre isso.
Então aconteceu que o bispo marcou uma visita pastoral para aquelas bandas, e o padre, temendo possível vexame do “boca de fogo” diante da autoridade eclesiástica, encarregou-o de uma tarefa simples na recepção, só para mantê-lo ocupado.
E chegou o grande dia. Uma pequena multidão esperava pelo chefe espiritual na frente da igreja. Foi aí que o blasfemador percebeu que alguém deveria indicar ao povo que era hora de aplaudir. Sem papas na língua, o fulano gritou no alto-falante:
-Uma salva de palmas para o Bispo, “pórco….”

Pe. Antônio Galiotto (falecido)

Soube hoje que o autor do livro “Deus não é Estúpido”, edição esgotada num mês, publicou antes deste, “Frente Agrária em debate” (1968), “As Capelas” e “Don Giocondo” (1988) e “Nova Pádua e a sua história” (1992). Interessante!