Dizer “faça o que você ama e não trabalhe um dia se quer” é meio verdade. Essa frase te impulsiona a um patamar acima daquele emprego que você entra de corpo e sai batendo o ponto com a alma a quilômetros de distância. Significa que fazer o que a gente gosta é um degrau importante da nossa felicidade, afinal, passamos muito mais tempo no trabalho, com colegas, clientes e fornecedores, do que com nossa família e amigos.
Se você ama o que faz, parabéns! Mesmo sabendo que muita gente caminha para isso, ainda é uma situação escassa. Apesar de saber que precisamos comprar o leite das crianças, ser só ganancioso não nos levará a nada, é preciso ter duas medidas com pesos similares: bem estar e dinheiro. Você não trabalha tanto para receber injustamente, não é? Verdade. Mas esse trabalho está te fazendo bem? Por quanto tempo está trabalhando somente pelo dinheiro? Ou por quanto tempo está trabalhando só porque tem algumas regalias e aumento que é bom, só de ‘ralação’ mesmo?

Quando se está no nível de amar o que faz, nos tornamos profissionais mais humanos e cada vez melhores, porque o trabalho se funde com a vida particular. Com isso sentimos prazer no que fazemos e transformamos nossas experiências em aprendizado, e vice versa. E foi aí que eu vi um equívoco e o deslanche de toda uma teoria porque, mais uma vez, nós não sabemos lidar.
Estamos sempre indo de encontro ao esgotamento, criando assim, a Síndrome de Bornout. Isso não é simplesmente sobre estar estressado e precisando de férias. É sobre esgotamento emocional, depressão e doença física. O bornout é uma situação em que você está física e psicologicamente comprometido por causa do trabalho, por diversas situações e por muito tempo. Acúmulo de tarefas, cobrança excessiva, perfeccionismo. Nesse nível de stress, a pessoa que antes era atenciosa e focada liga o piloto automático e não existe tirar férias, nem 15, nem 30 dias. Você volta e estará tudo igual. Você continuará irritado, sem paciência e sentindo-se um fracassado. Seu corpo pedirá socorro com a sudorese, dores musculares, queda de cabelo, entre outros problemas que você poderá desencadear. Não sou médica nem especialista, só uma curiosa.

Como havia comentado antes, não sabemos lidar com as coisas. Um detalhe me fez entender o quanto vamos a fundo quando amamos o que fazemos. Quantas vezes alguém já comentou que estava de férias e viu um layout de cartaz interessante no hall de entrada do hotel e foi pesquisar para ver quem era o autor e achou um cara gênio….Espera um pouco. Vo-cê es-ta-va de fé-rias! Está tudo certo quanto a amar o design gráfico na sua vida, mas não dá para você só curtir o cartaz e fazer uma foto pro Insta? Faça mais viagens, algumas a trabalho para suprir a necessidade de conhecimento, mas quando entramos em férias fazemos tudo o que “precisamos”: aquela faxina marota na casa, aquela série que está atrasada, aquela viagem – que deveria ser para descanso -, aquele check-up que você não faz há 5 anos (confessa) – isso se não desmarcar para fazer outra coisa bem boba. Resumindo: o que fez por você nas suas férias? Por você mesmo, não pela carreira ou pelos outros?

Vendo essa nova modalidade de doença que criamos, só confirma que tudo o que é em excesso faz mal. Espero que sigamos enxergando as coisas ruins e adaptando para termos uma vida saudável emocionalmente, espiritualmente e fisicamente. O dinheiro não compra tudo, e o tempo não volta!