A presença do governador Sartori na reunião-almoço de segunda-feira última no CIC/BG foi um grande acontecimento, sem dúvidas. Mas, pelas impressões que colhi sobre a palestra, restou a frustração. Nada do que foi dito ali foi novidade. Foi mais do mesmo. Desde janeiro ouvimos comentários sobre “a situação falimentar do Estado”. Como se vê, repetição do mesmo discurso de vários outros governadores que antecederam Sartori. Que o Estado passa por dificuldades até os pombos que habitam o telhado do Palácio Piratini sabem. O que se queria ouvir era “o que será feito para retomar os investimentos em saúde, segurança pública e educação, principalmente”. E sobre isso todas as condicionais possíveis e imagináveis foram usadas.

Governador no CIC/BG II

A preocupação maior que é o aumento brutal nos impostos abusivos que já pagamos ficou também na condicional. “Vamos ver”, disse Sartori, repetindo o que já disse dezenas de vezes. Mas a grande questão é: Se Rigotto aumentou os impostos exatamente como se comenta agora e não resolveu o problema financeiro do Estado, por que, agora, é lícito se esperar que resolva, criando ainda mais imensas dificuldades para todos, notadamente ao povo? E vender estatais, resolverá? Antonio Brito vendeu (por assim dizer) as principais estatais e no que deu isso tudo, sem ser aumentos brutais nas tarifas, sem que o serviço prestado justificasse e a situação financeira mudasse?

Governador no CIC/BG III

Yeda, por sua vez, vendeu 49% do Banrisul por 3 bilhões de reais e pediu emprestado um bilhão e cem milhões de dólares. Resolveu? Obviamente, não! Então, prezado governador Sartori, está muito claro que massacrar o povo com mais impostos, vender estatais e pedir dinheiro emprestado não resolverá a situação. Quem sabe não é o caso de se passar um pente fino, fazer uma auditoria total nas despesas, gastos e investimentos do governo do Estado para detectar onde, realmente, está o problema e tomar as medidas necessárias para resolvê-lo? Quem deve um milhão de reais não pode pensar que se vender o sofá da sala e o carro velho por cinco mil e pedir emprestado ao vizinho outros mil reais resolverá seu problema. No máximo pagará um pouquinho dos juros, ficando sem sofá, sem carro e devendo mais mil reais. Esperar o que, portanto? Mais estudos ou mais impostos?

Audiências públicas

A legislação criou essa figura que, para mim, é inútil. Falo das tais de “audiências públicas”. Os poderes públicos as realizam “para ouvir a população”. Ponto! Deu, né? Sim, senão vejamos. Quando da definição do número de vereadores, obviamente a maioria esmagadora da população era contrária pelo básico, elementar, acachapante motivo de que nada mudaria com o aumento no número de vereadores. A não ser as despesas bem maiores que nós, povo, teríamos que arcar. O próprio presidente da Câmara de Vereadores, Valdecir Rubbo, disse isso na ocasião, o que se comprovou totalmente.

Existem para quê?

Tomei apenas um exemplo. Mas poderíamos citar vários. Questionar a realização dessas audiências é um dever de todas as pessoas de mediana inteligência. Agora se realizam mais duas delas. Uma foi nesta quinta-feira e tratou sobre a mobilidade urbana. A outra a ser realizada será a de modificações do Plano Diretor. Mas comecei dizendo que, para mim, são inúteis porque tudo é decidido de acordo com as vontades de quem as promove. Já citei o exemplo da que tratou do número de vereadores. Poderia citar várias que visavam mudanças no Plano Diretor, as quais foram implementadas mesmo com a contrariedade de muitas pessoas. Por isso é que nelas são sempre os mesmos que estão.