O objetivo do encontro foi traçar ações de defesa da agricultura e turismo da região

Nesta sexta-feira, 17 de março, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, esteve em Bento Gonçalves para participar da reunião da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), que ocorreu no Salão Nobre da Prefeitura. O encontro teve como objetivo traçar ações de defesa da agricultura e turismo local e ficou definido que, nos próximos dias, será apresentado um plano de trabalho para defesa da região.

O prefeito Diogo Segabinazzi Siqueira deu início à reunião ressaltando que a crise enfrentada em Bento Gonçalves e na Serra Gaúcha deve servir como um impulso para fortalecer ainda mais a região e o estado. “Precisamos receber do Governo do Estado o reconhecimento da nossa região, da nossa força de trabalho e da defesa da história de todos os nossos agricultores e empresas”, enfatizou.

Reunião da Amesne ocorreu no Salão Nobre da Prefeitura de Bento

O presidente da associação e prefeito de Nova Prata, Antônio Graziotin, destacou, conforme Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Bento, que “a reunião é resultado de um pedido dos prefeitos para que tivéssemos essa atenção do Governo do Estado”, disse.

Conforme Leite, a conversa entre as lideranças políticas é, justamente, para alinhar comunicação e posicionamento a respeito do assunto, para que seja possível defender o que é a característica da Serra Gaúcha e de Bento Gonçalves, o setor vitivinícola. “Povo forjado no suor e no esforço, que sabe o valor do trabalho e que, justamente por isso, fica indignado quando alguém trata trabalhadores de forma indevida. É um momento que todas as questões de comunicação e posicionamento precisam ser muito bem trabalhadas, aliadas às ações que estão sendo empreendidas. As empresas fizeram a assinatura de um acordo de ajustamento de condutas com o Ministério Público, estão tendo consequências financeiras. As investigações estão acontecendo, e vão se apurar responsabilidades de quem tenha participado deste episódio lamentável e reprovável”, destacou o governador.

O chefe do Executivo do estado ressaltou que, até o momento, o episódio de trabalho análogo à escravidão não afetou negativamente a economia gaúcha. “A consequência no consumo aconteceria se o poder público demonstrasse pouca atuação. Aí, o cidadão seria levado a ter algum tipo de ação como comunidade e sociedade, em relação às marcas, vinícolas e produtores. Isso seria injusto, porque milhares de produtores seriam envolvidos, mesmo fazendo coisa certa do jeito certo, produzindo corretamente, respeitando a legislação trabalhista e as condições dignas de trabalho. Seria absolutamente injusto se houvesse um movimento de boicote à produção, que puniria famílias e produtores honestos, decentes”, mencionou.

Leite sublinhou que, a partir do entendimento de todas as partes, é necessário ter um posicionamento para o público consumidor dos produtos vitivinícolas. “A demonstração clara é de que o Rio Grande do Sul empresas e a Serra Gaúcha não aceitam a situação, e assim podemos resgatar alguma confiança que tenha sido arranhada no Brasil afora. Estamos articulados, diversos secretários com os prefeitos, para podermos desenvolver um plano de trabalho que garanta a demonstração, a comunicação, a visibilidade das boas práticas que são desenvolvidas aqui”, reforçou.

Acordo com o MPT

Também na manhã desta sexta-feira, 17, foi firmado um acordo de cooperação técnica entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Governo do Estado. O objetivo é estabelecer mútua cooperação para erradicar o trabalho em condições análogas à escravidão e o tráfico de pessoas, além de proteger os direitos da população mais vulnerável. Além de Leite, o procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos, e outros secretários de Estado assinaram o documento, durante solenidade que ocorreu no Palácio Piratini.

Governador Eduardo Leite

Sobre o acordo, o governador realçou que vai na direção de conciliar esforços. “Para, em primeiro lugar, dar todo apoio à fiscalização, o estado entrar com sua estrutura, com tudo aquilo que nós podemos ajudar o MPT a cumprir o seu papel. Em segundo lugar, trabalhamos de forma cooperada em orientação, especialmente cadeias produtivas que envolvem mobilização, muitos trabalhadores no período das safras. Eventualmente isso significa condições pouco adequadas que podem, de alguma forma, ofender a dignidade e valor do trabalho e, portanto, temos que focar na orientação a produtores, empresas e cooperativas, para que nunca se repita”, expôs.

De acordo com Leite, neste episódio especifico, não se pode aceitar em relações trabalhistas atos como tortura e agressões físicas. “Vai se dar consequências, vamos fazer esforços conjugados. Vocês vão ver o plano de trabalho com o MPT para que tenhamos condições de atuar conjuntamente”, reiterou.

Fotos: Thamires Bispo