“Nós usamos celular, e vocês pintam”, declarou, cheia de certezas, uma menininha de sete anos, com os dedinhos no smartphone e as palavras na ponta da língua. “Nós” eram elas, as pitocas sabidas, e “vocês” éramos nós, os adultos bundões.

E não é que ela tem razão?! Enquanto a gurizada “manda ver” com seus tablets e celulares, os coroas carregam a tiracolo uma caixa de lápis de cor e um daqueles livros de colorir, tipo “O Jardim Secreto”. Dizem que é terapia anti-estresse e que está dando muito certo. E está mesmo, ao menos para os autores e editoras, que faturam alto com o novo filão do mercado editorial.

A brincadeira em vídeo, na Internet, em que um bebê, assim que nasce, procura um iPad pra fazer uma selfie, retrata a naturalidade das novas gerações com a tecnologia, ao contrário das velhas, que fogem dessa parafernália toda, como o diabo foge da cruz.

Obviamente, isso não é regra. Há muita gente grande que corre atrás do prejuízo, para não ficar excluída do mundo virtual. Inclusive eu, mas estou sempre em desvantagem. Quando aprendi a usar o disquete, o CD já bombava. Ainda reticente com o novo apetrecho, surgiu o DVD. Logo o pen-drive foi me atropelando… Tudo bem! Aguentei firme. Mas aí foi anunciada a tal de… “nuvem”. Francamente! “Nuvem?!”

Com o celular o caminho foi mais curto. Estava eu bem feliz com aquele minúsculo telefone que só fazia o essencial, até que cansei de ser vaiada por causa da sua obsolescência. Então me dei um smartphone, que é um verdadeiro presente de grego. Com mil funções, eu só uso uma: falar. Quando necessário! Os MacManíacos, MacHeads, Mac Chatos, etecétera e tal me garantem que não vou mais viver sem o aparelho. Estou pagando (em várias prestações) para ver.

Quanto à terapia para estressados, as opções são inúmeras. “Santo dilema”, diria Robin, o menino prodígio da dupla que não é sertaneja. Não sei se vou de Dr. Lucchese, com suas “Pílulas para Viver Melhor”, se tomo chá de cavalinha, se deito na Almofada Bombom ou se compro aqueles livros de colorir. Enquanto me decido, pego um cobertor, um saco de pipoca e escolho um filme de arrepiar os cabelos… E o celular? Está lá com minha netinha…