Pesquisa realizada pelo Semanário demonstra aumento de 12% na gasolina e 13% no diesel desde janeiro de 2017

Apesar de o preço do combustível ter sido desregulamentado e o barril de petróleo no mercado internacional se manter nos mesmos patamares no último semestre, o valor do litro de gasolina e diesel cobrado dos consumidores vem sofrendo um aumento constante. Em Bento Gonçalves, o Semanário calculou uma alta de 12% na gasolina e 13% no diesel, de janeiro de 2017 até janeiro de 2018.
A análise de especialistas revela que, apesar de o preço do barril de petróleo baixar, o governo brasileiro continua repassando aumentos para os consumidores, com o objetivo de respaldar a Petrobras das perdas com desvio de dinheiro público e dos pagamentos de acordos de leniência. Além disso, a avaliação dá conta de que com o aumento dos combustíveis, todos os produtos acabam sofrendo reajuste, uma vez que dependem do transporte para chegar até as gôndolas.
De acordo com o economista e professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Jaci Tasca, o aumento do custo no transporte acaba sendo repassado para os demais setores da economia, o que significa que todos os preços sobem. “Nós brincamos que até a missa depende do transporte”, comenta. Ele analisa ainda que a inflação baixou, o que torna o preço dos combustíveis critério fundamental para analisar a escalada de preços.
Tasca lembra que na época do Programa Proálcool, na década de 70, o consumo e a produção do combustível alternativo foi intensificada com o objetivo de tornar a Petrobras mais eficiente, na medida em que o preço do petróleo se mantinha em patamares elevados no mercado internacional. “Mas em um certo momento, a estatal acaba sendo responsável pela distribuição do álcool”, conclui.
Hoje, de acordo com Tasca, o combustível em questão sumiu do mercado, uma vez que há interesse do Governo Federal para que os consumidores utilizem produtos oriundos do petróleo. “Exceto isso, nós só andamos de bicicleta ou a pé. É a forma como encontraram para se recuperar dos roubos e das incontinências administrativas do passado”, avalia.
Ainda segundo o economista, a alta nos preços dos combustíveis é resultado dos desvios de recursos da estatal, bem como do valor que a empresa foi condenada a pagar aos investidores estrangeiros. “A gente chega em 2016 e 2017 com todas as operações em Cutiriba e verificamos que a Petrobras foi roubada a torto e direito, alguém tem que pagar a conta. Nesse caso, o consumidor, já que o governo repassa todo o custo”, expõe.
Tasca ainda comenta que a única forma do Brasil sair da crise é com o Governo Federal parando de repassar os custos aos consumidores, uma vez que assim a economia volta a girar. “É sempre a infantaria quem ganha a guerra, ou seja, a grande massa de consumidores. A partir do momento em que temos uma crise vinda do governo, nós poderíamos ter saído dela caso os verdadeiros culpados tivessem sido apontados, os realmente envolvidos”, ressalta. Ele ainda observa que todos os serviços ou produtos regulados pelo governo subiram, à exemplo da energia elétrica e do gás de cozinha.
Segundo informações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), na primeira semana de janeiro, o preço da gasolina assumiu o maior valor registrado desde que a média histórica é realizada, de 4,151 reais. O levantamento da ANP leva em conta o valor cobrado em 5.398 postos de combustíveis.

 

Confira a tabela com os preços dos postos de combustíveis na edição impressa do Semanário.