Quando parece não haver mais lugar para surpresas após um período eleitoral no Brasil, as pessoas acabam descobrindo que sim, há sempre espaço para mais uma maldade. Aliás, pode-se chamar de surpresa uma notícia tão negativa quanto aquela apresentada pelos postos de gasolina no amanhecer do domingo, 1º de fevereiro?
A surrada frase de que não se deve matar o mensageiro seria cabível numa situação como esta. Sobretudo, porque é nos postos de gasolina que se está descontando a ira por um aumento tão significativo como o que está acontecendo. Será mesmo que os donos de postos de gasolina foram gananciosos ao reajustarem, na média, em 0,50 centavos o litro da gasolina? Podem muito bem ter apenas feito o que deveriam para manter as margens do seu negócio.

No caso de se constatar que tenham sido abusivos, não resta dúvida de que o Procon e outros órgãos deverão responsabilizar quem praticou a ganância. Mas há um sinal perturbador. A inércia e a falta de uma manifestação de um governo que criou uma expectativa aos cidadãos em geral e motoristas em particular. O reajuste seria de 0,22 centavos – já consideravelmente alto- quando na verdade foi mais do que o dobro. Caberia, portanto, uma retratação do Governo.

Quando se fala em aumento de combustíveis, o pensamento imediato é de que o cidadão deverá reduzir suas idas à praia, as voltas de final de tarde em domingos ou então que ele pode ir trabalhar de ônibus. Mas este é apenas um pequeno pedaço do problema. O aumento dos combustíveis conjugado ao da energia elétrica, que ficará bem mais cara este ano, repercute no preço do leite e da alface, que precisam ser transportados da zona rural para o mercado consumidor. O mesmo se dá com os produtos industrializados, com o preço da passagem e em tantos outros insumos.

O que resta aos brasileiros é protestar, como um grupo que já se organiza para fazer em Bento Gonçalves e se autoproteger, realmente gastando menos. No mais, o melhor é rezar para que tenhamos governos mais responsáveis.