O XIV Fórum Mundial das Cooperativas Vitivinícolas foi aberto na quarta-feira, 14, em Garibaldi, na Serra Gaúcha, reunindo representantes de sete países para debater os desafios e as oportunidades do setor. A programação, que seguiu até sexta-feira, 16, abordou temas como economia circular, mudanças climáticas e o consumo de vinho, com foco na união das cooperativas para enfrentar as dificuldades comuns em um mundo cada vez mais globalizado.

Durante a abertura, o presidente do Fórum, o espanhol Ignácio Martín Obregón, destacou a relevância do encontro para o fortalecimento do setor. “Estamos reunidos com uma representação importante do mundo vitivinícola, para caminharmos juntos, em defesa do nosso setor e do meio rural, para beneficiar toda a sociedade”, afirmou. O anfitrião do evento, presidente da Cooperativa Vinícola Garibaldi, Oscar Ló, ressaltou que 2025 é o Ano Internacional das Cooperativas, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), o que reforça ainda mais a importância de dar visibilidade ao papel transformador dessas entidades. “As cooperativas têm um papel muito importante na sociedade onde estão inseridas. No nosso caso, as cooperativas do vinho têm toda a base na agricultura familiar, no pequeno produtor, tanto aqui quanto nos países vizinhos e na Europa”, disse.

O prefeito de Garibaldi, Sérgio Chesini, lembrou que os 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul também estão relacionados ao crescimento das cooperativas. “Meu avô foi um dos fundadores da Cooperativa Garibaldi, e conheço bem o regime cooperativo, que valoriza a força da pequena propriedade agrícola, agrega pequenos produtores, gera emprego, distribui renda, faz a roda da economia girar e dá dignidade ao pequeno produtor”, destacou. Mário De Conto, superintendente do Sistema Ocergs, também frisou a importância histórica do cooperativismo na região, nascido com os imigrantes. Segundo ele, o Brasil conta hoje com 4.693 cooperativas, 20,4 milhões de cooperados, 524 mil empregos diretos e R$524 bilhões em faturamento. “O cooperativismo fomenta o progresso em todo o mundo. Esse intercâmbio entre países é uma grande oportunidade para entendermos desafios comuns e aprendermos uns com os outros”, afirmou.

Antes da solenidade de abertura, o presidente da cooperativa italiana Caviro, Carlo Belmonte, apresentou um case de economia circular que impressionou os participantes. Nos últimos dez anos, a cooperativa investiu 100 milhões de euros para atingir 100% de autossuficiência energética, mais de 99% de reaproveitamento de resíduos e 40% de água reciclada. “Nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável é o resultado de estar em harmonia com a natureza”, disse Belmonte. A Caviro, que reúne mais de 14 mil viticultores de oito regiões italianas, transforma resíduos do processo de vinificação em bioenergia, fertilizantes e produtos como álcool de segunda geração e ácido tartárico. Além disso, recolhe podas de áreas públicas e privadas, que também são utilizadas na geração de energia. “Nada é desperdiçado. É um reinício de onde tudo começou. Na Itália, a sustentabilidade é central, até porque ela é rentável”, concluiu.