É comum vermos a população reclamar dos políticos e de seus governantes pela falta de ações e de assistência pública. Porém, é muito difícil ver a comunidade se envolver com as causas de sua cidade e, literalmente, colocar a boca no trombone. Houve até uma passeata contra a corrupção, mas aí vem a pergunta que não quer calar: quantos continuaram mobilizados depois da tal manifestação? Basta ir na sessão da Câmara de Vereadores, às segundas-feiras, e ver que os chamados “manifestantes” não somam uma dezena.
A febre do modismo em ações públicas é comum em qualquer lugar do mundo, não é um privilégio de Bento Gonçalves. Porém, as redes sociais parecem estar despertando um novo tipo de conscientização. A chamada fiscalização virtual começa a se tornar algo importante e que, em pouco tempo, pode começar a dar resultados interessantes para a comunidade bento-gonçalvense. É através dela que o grupo “O que Bento Gonçalves precisa melhorar e nossos governantes não enxergam” é um exemplo positivo disso.
Iniciou com um número pequeno de pessoas interessadas em fazer a diferença e hoje, formou uma comunidade com quase dois mil integrantes. Diariamente, alguma pessoa, voluntariamente, denuncia algum problema ou irregularidade que ocorre na cidade. Uma forma democrática, sadia e louvável de questionar o poder público. A postagem individual vai parar nos computadores de milhares de pessoas, que compartilham e disseminam a informação.
Tem muita coisa ali que se o poder público desse atenção, muitos governos teriam mais tranquilidade para administrar a cidade. Claro, seria utopia querer resolver tudo o que é postado lá, mas boa parte precisa apenas de uma coisa: um pouco de vontade política em querer fazer o certo.
O olhar comunitário e digital pode fazer a diferença lá na frente. Porém, é importante que os integrantes do grupo e também aqueles que se anexaram a ele não abandonem a ideia. Criar um fato novo é muito fácil. Difícil é mantê-lo ativo, coerente e com credibilidade. A ideia é louvável e tem tudo para dar certo, desde que não seja mais um modismo.