Atração costuma reunir milhares de pessoas no Ginásio Municipal para prestigiar apresentações artísticas-culturais

O habitual evento da Escola Estadual de Ensino Médio Mestre Santa Bárbara de resgate ao tradicionalismo gaúcho fará uma pausa temporária este ano, devido à pandemia. A Tertúlia, que normalmente acontecia no mês de setembro, integrando a programação dos festejos farroupilhas, foi suspensa.

Além das danças, apresentações cênicas e os espetáculos que enchiam os olhos do público, a atração envolvia os estudantes em pesquisas e apresentação oral sobre a história rio-grandense. “Em razão da pandemia, todos os projetos presenciais da Escola Mestre Santa Bárbara que envolvam aglomerações foram suspensos, inclusive os trabalhos teóricos”, afirma a diretora Margarida Mendes Proto.

Contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura, Margarida destaca que o recurso do projeto “está aplicado em uma conta poupança e será feita a devolução conforme os trâmites legais”.

Há 11 anos, o espetáculo costumava lotar o Ginásio Municipal de Esportes. Somente no ano passado, cerca de quatro mil pessoas passaram pela atração. São apresentados diversos temas que enaltecem a cultura gaúcha, como lendas, tropeiros, jogos e costumes típicos, heróis do tradicionalismo, entre outros.

Quem também está sentindo na pele os efeitos causados pelos cancelamentos das atividades são os Centros de Tradição Gaúcha (CTGs). O presidente da Associação Bento-Gonçalvense da Cultura Tradicionalista Gaúcha (ABCTG), Adiles Rodrigues de Freitas, 60 anos, relata que as entidades estão enfrentando dificuldades para sobreviver, já que se mantêm por meio de eventos.

Freitas acredita, inclusive, que caso a situação atual se prolongue por muito mais tempo, muitos CTG’s do Estado podem fechar as portas. “Tem essa possibilidade, não só aqui em Bento, mas a nível de Rio Grande. Se continuar por muito tempo, vai ter muitas entidades encerrando as atividades”, prevê.

O patrão do CTG Gaudério Serrano, Flávio Ribeiro, 55 anos, relata que em 2019 vários eventos foram realizados e que tudo “se encaminhava muito bem para 2020”, conforme define.

A agenda da entidade estava praticamente toda preenchida para este ano. Entre as atividades: quatro cursos de dança, sendo que um deles já estava em andamento, com mais de 50 casais. “Infelizmente o pessoal se viu obrigado a se resguardar. Não está sendo fácil para aqueles que passavam o final de semana se dedicando à entidade”, lamenta Ribeiro.

Em época normal, os custos mensais do Gaudério Serrano eram em torno de quase cinco mil. Entretanto, foi necessário reduzir as despesas. “Com certeza fomos obrigados a diminuir algumas coisas, mas estamos conseguindo nos manter. Este ano, o objetivo era a troca do telhado, mas com a pandemia, mais uma vez nos vimos obrigados a adiar”, afirma.

Fotos: Arquivo/ Divulgação