Festa e festa
Bento virou a capital do festerê. Tudo é válido em termos promocionais do município. O que me preocupa – deve me preocupar? – é que tudo isso está provocando uma sangria financeira para beneficiar, não a sociedade e economia como um todo, muito menos a geração de empregos, mas apenas uma parcela pouco significativa de nossa economia. Se houvesse, paralelamente aos eventos promocionais, um plano, uma ação mais efetiva no sentido da melhoria da qualidade de vida de nosso cidadão, não aplaudiríamos de pé esses eventos?

Fim do Ibravin?
Os que tem me ouvido nos últimos anos sabem de minhas restrições a ação da IBRAVIN. Foram mais de onze milhões gastos num ano para promover o vinho, incluindo cinco milhões para o vinho ser tema de Escola de Samba no carnaval, sem resultado efetivo. Para piorar, estão, a Entidade e seus Dirigentes, comprometidos pelos apontamentos de suspeita de irregularidades na prestação de contas no período de 2012 a 2016. Assim, o Tribunal solicitou uma tomada de contas especial.

O FUNDOVITIS, composto por uma taxa que é recolhida pelas vinícolas sobre o quilo da uva, tem uma verba de doze milhões de reais disponíveis que deverá ser canalizada para UVIBRA, que tem 38 associados e abrange 95% da produção de vinhos finos e espumantes.

O Brasil produz 300 milhões de litros de vinho por ano, ouvi isso, esta semana, na Voz do Brasil. Será tarefa da Uvibra a luta para colocar o produto no mercado interno e externo lutando em favor do aumento do consumo de vinho por parte dos brasileiros, mas também contra a invasão do vinho importado, presença forte nas promoções dos supermercados – é só ir agora, neste instante, no Carrefour de Canoas e constatar – e nos restaurantes frequentados pela classe média – maior consumidora de vinhos finos – em todo o país. Somente um setor vinícola unido – a crise da IBRAVIN parece que os fez “sentar na mesma mesa” – poderá fazer a pressão política necessária para minimizar a carga tributária do produto. E, somente com um planejamento comprometido para aplicar os onze milhões de forma a surtir o efeito desejado – que é um “chega prá lá” nos importados e aumentar o hábito do brasileiro consumir vinho – é que alcançaremos a evolução do setor de forma coletiva e não individual.

Sentar à mesa, se unir, discutir cada centavo da aplicação do fundo, estabelecer um plano de reivindicações do setor parece imperativo. Estamos vivendo uma nova era, os carnavalescos, os passeadores, os gastões de dinheiro público, devem ser extintos. Vamos viver um novo Brasil?

A Voz do Brasil
Sempre que posso ouço a Voz do Brasil, é um programa dinâmico, enxuto, abrangente. Nesta quinta vinha de Porto Alegre ouvindo, aí tive uma mini aula de medicina quando o médico do Presidente explicou o porquê da alimentação por sonda, da gelatina e caldinhos e o porquê da caminhada nos corredores do hospital. Ouvi também sobre a produção de vinhos do Brasil, uma entrevista com os técnicos da Embrapa e lideranças. O meu prazer em ouvir a Voz do Brasil somou-se ao prazer de ver uma estrada Porto Alegre – Bento, sem buracos. Como dizia o competente e saudoso centroavante colorado Claudiomiro, ao receber, como prêmio de melhor em campo, um engradado de cerveja “agradeço a Brahma pelas Antarcticas que me enviou”, o que devo dizer? “Agradeço aos Prefeitos de Barbosa e Garibaldi, pelos buracos que o Governador fechou”?

O Governador Leite
Prometeu pagar os salários através de “uma correção de fluxo de caixa”. E prometeu também que não venderia ativos para tirar o estado do buraco em que está. Sobre o pagamento da dívida do estado a situação está como a inauguração do presídio de Bento, “não se ouve mais falar”. Sobre a venda dos ativos do estado para pagar despesas de custeio é o que o Governador fez, está vendendo ativos, inclusive 49% das ações do Banrisul, para pagar despesas de custeio. Com a venda das ações o estado deverá colocar em dia o pagamento dos salários, equilibrar o caixa e, talvez “mandar às cucuias” a negociação da dívida com o Governo Federal com quem, é notório, há um rompimento de relações. O Presidente não gosta do PSDB – no que se inclui o Governador Leite – e o PSDB não gosta do Presidente. Assim, “gemendo com suas dores”, o Governador Leite está fazendo o que o então Governador Sartori fez, “tocando o estado com a barriga”, com o agravante de estar vendendo ativos para pagar despesas de custeio, “para preservar sua imagem política”.

Por enquanto, Leite está fazendo como aquela senhora da colônia que faz polenta: mexe, mexe, mexe, com a “mêscola” para fazer a melhor polenta possível. Me considero um bom gaúcho, mais até do que Bento Gonçalves que era rico e ficou pobre depois que pagou Garibaldi para defender o Rio Grande das altas tributações que a União cobrava sobre o comércio da carne. Não sou movido a interesses, não sou só de churrasco e bom chimarrão, só da semana Farroupilha. Estamos com o estado empobrecido há décadas, só políticos corajosos vão nos tirar deste buraco. Assim, acredito na história de vida, na bravura política, na retidão, da proatividade de um Heinze, da competência de gestão de um Paulo Odone, é preciso mais do que bons moços e bons políticos. O que Ana Amélia, Lazier, Pain, estão contribuindo para o “levanta Rio Grande” é muito pouco. Para quais caminhos vão Leite e Pasin? Estamos torcendo pelo melhor.

Agenda recorde
Silvio Sandrin é uma espécie de SÊNECA de Bento. Tem conhecimento universal, uma conversa com ele ilustra o teu saber, é hábil, inteligente, é referência, é o Presidente da FUNDAPARQUE “um pepino”, diria um “sábio” popular. Festeja a FUNDAPARQUE e agenda recorde de eventos em 2019. Sob o ponto de vista de sustentabilidade da Entidade, valiosa contribuição. Sobre o ponto de vista de dar sustentabilidade aos nossos grandes eventos, também muito bom. Sob o ponto de vista de tirar o Prefeito do “pepino” de sustentar o Parque, também muito bom. Sob o ponto de vista de conseguir as verbas necessárias para as no Parque, estimadas em torno de 20 milhões – um problema, são necessários projetos e verbas federais. Sob o ponto de vista de quem promove os eventos e, de quem trabalha para a sua realização, muito bom. Sob o ponto de vista de hotéis e restaurantes, clubes noturnos, excelentes. Que venham duas FUNDAPARQUES.

Mas, é preciso sempre lembrar que o Imóvel ou o Parque da Fenavinho, agora Parque de Eventos, é do povo. E, sob o ponto de vista da comunidade a visão não é tão entusiasmante assim. O Parque não é, também, um Parque Público. A geração de empregos, a nível da população de baixa renda, não é tão entusiasmante assim. E, a geração de tributos pela realização dos eventos, está mergulhada na “naba” financeira em que a municipalidade está, há muito tempo, mergulhada, haja visto que, quando precisa realizar uma grande obra, precisa recorrer a vultuoso empréstimo bancário comprometendo várias gestões. Caras e estimadas lideranças, a quem eu prezo muito, precisamos de um Parque Público. Maior do que a PRAÇA SÃO BENTO, do que o WINE GARDEN da Miolo, do que a FERVI. Precisamos mais do que um campo de pouso de helicópteros e balões, precisamos de restaurantes, lazer para as crianças, churrasqueiras, atrações públicas, essas coisas. Portanto “nem tanto ao mar, nem tanto a terra”. Pelas crianças, pelos jovens, pelo mais Bento, pelos idosos, também.