Muitas pessoas ainda vivem em clima ou em ritmo de férias. Afinal, até o fim do período carnavalesco, muitas coisas no Brasil funcionam a “meio ritmo”.
Assisti horrorizada um programa de tevê nos últimos dias que mostrava o quanto muitas pessoas lucram enquanto outras se divertem. E, é claro, isso é extremamente necessário, uma vez que se todos tirassem férias no mesmo período, nada funcionaria, não é mesmo?
Mas enfim. O que me deixou pasma ao assistir o programa foi ver um vendedor ambulante que consegue faturar cerca de mil reais por dia com a venda de salgados. Imaginem vocês… Qual é o custo de produção de um pastel feito em casa?
Dentro desta mesma linha, nos últimos dias, um jornal de circulação nacional publicou uma matéria com o seguinte título: “Inflação de produtos típicos do verão fica acima do índice oficial”.
Ora, acredito. Tudo neste verão está acima do índice. A temperatura, o preço dos hotéis, dos restaurantes, do milho, da caipirinha, do coco, do sorvete, da água. Claro que os comerciantes que sobrevivem da venda de produtos típicos de verão na Região Sul precisam aproveitar o período de três meses, nossa curta temporada, para tirar um extra, uma vez que nos demais meses, as coisas pouco funcionam, agora, também não vejo necessidade de explorar.
Pagar cinco reais por uma garrafinha de 500ml de água, oito reais por um coco, quatro reais por uma espiga de milho é algo que foge totalmente da nossa realidade.
Enquanto a inflação medida pelo IPCA está em 5,59%, a inflação de produtos típicos de verão, divulgada pela Fundação Getúlio Vargas chegou a 8,61%.
O Ministério do Turismo chegou a lançar até uma campanha, chamada “Jogo Limpo”, visando estimular nas redes sociais o lema “Turismo a um preço justo”, com publicação de textos e fotos de hotéis, restaurantes e outros serviços que aplicam preços justos.
A próxima etapa será o lançamento de uma cartilha com dicas de viagem e contratação de serviços turísticos que praticam preços justos. Os empresários do turismo que aderirem à campanha receberão o selo “Eu jogo limpo”.
Considero esta ação muito válida, uma vez que, conforme já mencionei, temos ciência de que os vendedores “de verão” precisam sobreviver o restante do ano, mas existem muitos outros trabalhos a serem desenvolvidos nos meses de baixa temporada para ganhar o pão de cada dia. Porque, do contrário, vamos todos nos mudar para o litoral e trabalhar somente três meses por ano.