Esperei com afinco as férias de verão, que por sinal, acabaram no domingo. Trabalhei duro, ultrapassei barreiras de cansaço e sono para poder desfrutar dos meus 14 abençoados dias de folga. Nos meus planos, iria fazer uma faxina “grossa” na casa, um dia de beleza com banho demorado e passação de cremes corporais e óleo de côco no cabelo, cronograma para o ano lindo que estava por vir, arrumar as malas para a praia. Pois bem.
No segundo dia de férias dei pt na balada. Fiquei de molho por um dia, peguei um resfriado e fiquei de molho por mais 3 dias. Eu e o Spike íamos do sofá para a cama, da cama para o sofá. Entre dormir e assistir em frente ao climatizador, maratonei séries, vi filmes ruins e cada vez que acordava, estava mais cansada.


Quando melhorei do resfriado, fui para a piscina. Mas não podia entrar na água nem pegar sol, porque estava me “cuidando” para não “piorar”. Entre tosses secas e o calor infernal, a calmaria era tão revigorante quanto tensa.
A sensação de estar febril o tempo inteiro passou, afinal, chegou o dia de ir para a praia. Então não sei se passou ou se simplesmente não dei mais atenção a ela. 800 mil pessoas em um local que abriga 75 mil e eu querendo lugar para estacionar na mesma rua do prédio onde ia ficar. Mas aproveitamos cada segundo, bebemos, comemos, festa e ‘fuguetoni’. Foram dias insanos e inesquecíveis. Até que o dia de voltar chegou. É o dia que você percebe que gastou demais, afinal, toda vez que tirava R$ 20 para comer um crepe era por necessidade, 72 horas de biquíni novo é importante e como aquelas tornozeleiras bregas ficam tão lindas juntas! O dia de voltar também é o dia de se reencontrar com os problemas que você deixou para trás achando que iam simplesmente desaparecer.


Chegar em casa é bom em um primeiro momento, se ela estiver arrumada – obrigada Mãe. Os dias que se passaram foram pesados, cansativos, inúteis. Ainda mais quando você volta antes da maioria e sabe que a cidade está deserta. Você passa as férias inteiras dizendo que não vai trabalhar mas fica remoendo tudo o que deixou de fazer. Se decide, né!


E então, o dia de voltar à vida chega. As roupas estão fora do lugar, arruma tudo às pressas no domingo à noite porque, de todos os dias de férias, você decidiu sair justamente nos últimos minutos do segundo tempo. Você fica pensando em tudo o que vai fazer na segunda e dá vontade de chorar.
O primeiro despertador de 2020 passou batido. Acordei num susto, daqueles que você abre os olhos e fica estática tentando entender se está atrasada ou não. Aí percebi que até gosto de ouvir música no carro – ainda mais com o pendrive atualizado. Gostei de colocar tudo em dia, falar com 386 pessoas que deixei meio que no vácuo. Até chegar a hora de ir para a academia. Pensei mil coisas – talvez se eu baixasse minhas calorias para 800/dia eu poderia emagrecer sem exercícios! E tá tudo bem! Mentira, isso foi só uma das 425 maneiras que meu cérebro encontrou de tentar me sabotar que, óbvio, nunca colocaria em prática.


21h e eu ainda estava na frente do computador, já havia feito uma reunião e estava cansada fisicamente. Pode-se dizer que feliz, por me sentir ativa novamente. Ou seja, nasci para ser pobre e me estressar.