Eu estava saindo de férias e desejei boas festas aos meus colegas; pedi se viajariam, iriam pra praia – pra descontrair, porque sou educada e queria saber, por curiosidade, o que eles fariam nas tão esperadas férias. Eis que uma colega, então, me fala: – Eu não vou, odeio praia. Pouco bom ficar na nossa casa? Lá tem tudo o que precisamos.

Por um minuto, refleti. Vai ver ela estava certa, na segurança do meu lar tenho tudo o que preciso, contudo não sou dessas que buscam o conforto do ar condicionado e evitam passar trabalho. Eu fiquei me perguntando se era realmente isso que eu imaginava, pelo trabalho que passaria arrumando e desfazendo malas, trânsito, desacomodar em um lugar pouco conhecido, será que era isso que assustava a minha colega? Para mim, ir para a praia com um bebê mega ativo de 6 meses no Reveillon realmente não estava nos planos, mas também iria, sem achar problema. Agora, uma pessoa de 30 anos, recém casada, sem filhos, pensar que dá trabalho demais viajar, eu realmente não consigo entender. Nem precisa ser na praia, tem gente que prefere camping, a colônia, o clube de piscina, visitar os parentes na fronteira, enfim, sei lá. O fato é sair de casa um pouco para que o descanso possa ser, de alguma forma, inesquecível ou que, pelo menos, sirva para boas lembranças ou risadas no futuro.

Cara, depois de um ano de trabalho, eu não vejo a hora de pegar estrada, sentir o cheiro do mar, pisar na areia descalça, admirar a natureza, ver as crianças praticando esportes, comer milho na palha, beber uma caipira gelada ou então água de coco, comer o queijo coalho na brasa, açaí na beira mar, picolé na areia, peixe no barzinho, cocada e sonho da tia da praça de Torres. Além disso, mal posso esperar pra sentir o cheiro do protetor Sundown. Gostos são muito pessoais, mas sinceramente não consigo entender como tem gente que odeia isso.

Mas então, nas férias, se faz o quê? Se fica deitado no sofá debaixo do ar condicionado assistindo série? Me poupe, nos poupe! Isso pode ser feito qualquer noite ou fim de semana, mas perder a oportunidade de pisar na areia, ver a vida acontecer desaceleradamente, sem compromisso de horário, passear no calçadão, ir no buffet a kg pra pegar sorvetes à noite enquanto o Dindinho passa, caminhar contando guaritas, olhar as toalhas dos vendedores ambulantes, enfim, isso não tem preço.

Já fui em muitas praias, com os pais, com casais de amigos, só com o namorado, com as amigas, com a família toda, com meus dindos e sogros e sempre, sempre a praia tem sabor especial. A gente joga carta à noite, senta na praça observar as pessoas, caminha, conhece lugares, curte a água do mar, é tão bom passar férias assim.

É claro que eu respeito o gosto da minha colega, mas jogar fora um momento de descanso contemplando a natureza pela comodidade de nosso lar, é desesperador. Sei que cada um passa férias onde quer e eu também amo a minha casa, mas e a graça da vida passando, cadê?
E ela ainda reforçou: – Pensa a meleca da areia, e como ficam os cabelos?

Eu fiquei sem reação! Eu adoro a meleca de areia nos pés e o cabelo lavou, ficou limpo de novo. Dane-se! Eu logo pensei no copo meio cheio: e a marquinha de biquini? E o gosto da água salgada? E os peixinhos, o vento, os barcos? E a vista do horizonte? E o sabor das férias sem pressa em um lugar diferente?
Tudo bem, nem perdi tempo discutindo, pois eu ia me estressar em tentar convencer que a praia era tudo de bom, quando a outra pessoa já tem sua opinião formada sobre isso. Ainda foi educada e me convidou pra passar na sua casa, numa tarde destas, tomar chimarrão. Pra não perder a amizade (que vale mais), disse apenas: – Vamos combinar uma hora dessas, mas caso eu vá para a praia, um feliz ano novo! Bati meu ponto e saí. Gente complicada!