A soberania no estado parece ser pequena diante dos planos de expandir os títulos para o circuito nacional. Essa é a realidade atual do Farrapos Rugby Clube (FRC), que tem uma das gestões administrativas mais eficientes do esporte no Brasil e que o torna um dos grandes no cenário do rúgbi no país. Dentro de campo, o objetivo maior é o Super 8, o principal torneio nacional.

No dia 17 de junho, o Farrapos venceu pela oitava vez o Campeonato Gaúcho de Rugby. Desde a edição de 2010, apenas o time bento-gonçalvense fatura o torneio estadual. Normalmente, o que se vê nos esportes, é que toda e qualquer dinastia pode ser prejudicial para a competitividade e, consequentemente, pode tornar o espetáculo menos atraente.

Mas não é isso que acontece com o rúgbi gaúcho, de acordo com o presidente do FRC, Fabiano Sperotto. “Nós estamos com essa longa sequência de conquistas porque nos esforçamos muito. Os outros times também crescem”, afirma.

E, de fato, os números das últimas edições do estadual mostram fases iniciais extremamente parelhas. Esse ano foi a vez do San Diego, de Porto Alegre e que está na Taça Tupi (a segunda divisão nacional), terminar com apenas duas derrotas na competição. As duas justamente para o Farrapos Rugby, que terminou o estadual invicto. E essas vitórias têm um motivo.

A gestão

Desde 2016, a gestão atual trabalha com diversos nomes divididos em funções fundamentais para que se organize adequadamente uma agremiação esportiva. Fabiano Sperotto é o presidente, Felícia Flores coordena o setor financeiro, Bruno Barreto é o diretor técnico, e tantas outras pessoas ajudam a mover a bola oval adiante.

De acordo com o presidente do Farrapos, muitas pessoas trabalham em diferentes frentes para elevar o nível do clube. “O Farrapos é muito mais que o time em campo. Temos uma diretoria para suprir as necessidades do clube. Tem muita gente que trabalha por fora para fazer o Farrapos funcionar”, explicou Sperotto.

Para o diretor técnico do FRC, Bruno Barreto, apesar de um cenário de esporte amador – em que não há dedicação exclusiva ao clube por falta de remuneração -, a diretoria atual optou por fazer uma administração baseada em um trabalho profissional. “Desde o começo optamos por ter um constante contato e troca de ideias entre direção e jogadores”, afirmou. Esse sistema possibilita, até o momento, o crescimento do Farrapos não só fora de campo, mas também no gramado.

Dentro de campo

O Farrapos Rugby Clube tem como coordenador técnico Javier Cardozo. O argentino é também treinador do time da equipe de Bento Gonçalves. Além dele, outros dois platinos auxiliam nos treinamentos das categorias de base do Farrapos. Facundo Flores e Angelo Marcucci trabalham com as equipes juvenil e infantil, respectivamente. Além dele há o trabalho de Diego da Silva, o Bigode, com o time feminino.

Para o treinador da equipe principal, o planejamento é respeitado pelos atletas, o que é excelente para o clube. “Os jogadores absorveram bem o planejamento e a vontade de querer ganhar todas competições possíveis. Está sendo duro mas acredito que todo mundo está unido tanto dentro como fora de campo”, detalhou Cardozo. Agora a ideia é viabilizar a participação plena no Campeonato Brasileiro de Rugby XV, o Super 8.

Sócio torcedor e o Super 8

O Farrapos tem outro dificuldade além dos tackles e demais combates físicos do rúgbi. Está difícil conseguir verbas para permitir a participação no Super 8. Para presidente Fabiano Sperotto, o fim do auxílio com verba pública complicou a saúde financeira do clube. “Estamos tentando de todas as formas angariar fundos para financiar as viagens longas. Organizamos janta, bingo e tudo que for necessário para poder representar Bento Gonçalves a nível nacional”, salienta.

Além dos eventos, o torcedor do Farrapos Rugby Clube poderá tornar-se sócio do clube a partir do segundo semestre deste ano. “Nós temos a meta de conseguirmos pelo menos 300 sócios, o que permitiria a participação no Super 8, torneios de base e outras atividades”, afirma o presidente do Farrapos.

A participação no Campeonato Brasileiro de Rugby XV é a prioridade do Farrapos para 2017. Neste ano, já venceu o Desterro e o Curitiba Rugby, os dois finalistas último Super 8, pela Liga Sul. Este será o último ano em que o Brasileiro de rúgbi terá este formato e, por conta disso, apenas três partidas da primeira serão disputadas pelo Farrapos fora de casa, o que contribui para garantir a participação deste ano. A estreia acontece no sábado, 1º de junho, no Estádio da Montanha. O Farrapos Rugby Clube recebe o tradicional Pasteur, às 15h.

FALA, ENTREVISTADO

As viagens e um novo formato do nacional

Bruno Barreto: “Esse ano se trata de um ano de transição para um novo formato de campeonato em 2018, portanto teremos um Super 8 mais curto, apenas 3 jogos fora de casa. Normalmente são viagens muito cansativas (madrugada viajando para jogar no mesmo dia e ja voltar à noite). E ainda são caras para os atletas, que tiram o dinheiro do próprio bolso. As viagens até o parana são de ônibus e, além disso, são de avião”.

Experiência como treinador e legado para o clube

Javier Cardozo: “Para mim é uma honra muito grande trabalhar no Farrapos. Comecei como jogador, então sei como cada um se comporta. Dentro e fora de campo. E eu acredito que como eu sou um jogador relativamente jovem, eu consigo pensar como eles. Para o clube também é muito bom que se forme treinadores próprios, como é o meu caso. É importante que se tenha um laboratório de treinadores e claro, de jogadores. A criação dessas peças dentro do próprio estádio é uma coisa muito importante para o futuro do clube”.


Os detalhes sobre o plano de sócio torcedor

Fabiano Sperotto: “Vamos lançar na semana que vem o Plano Sócio Torcedor. A partir dele vamos buscar recursos para nos martermos nos campeonatos do ano. O torcedor vai poder apoiar com uma trimestralidade de R$30 ou anuidade de R$100. Se a gente conseguir pelo menos 300 associados para o Farrapos Rugby Clube, subiremos de patamar e conseguiremos arcar os gastos com as viagens de todas categorias. O torcedor recebe vantagens por se associar no Farrapos”.