O pequeno Pedro tem sete meses e nasceu com cranioestenose, uma doença que pode causar problemas no desenvolvimento do cérebro. Ele depende de uma cirurgia de alta complexidade para não desenvolver sequelas em curto prazo, porém, o procedimento precisa ser encaminhado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e está travado pela burocracia das instituições.

A referência do SUS para realizá-lo na Serra Gaúcha é no Hospital Pompeia, em Caxias do Sul, mas para diminuir o máximo possível o tempo de espera, a família de Pedro também optou por encaminhar o procedimento em Porto Alegre e na Defensoria Pública, com o objetivo de conseguir com que seja feito pelo Hospital Tacchini. Até o momento, a família ainda não obteve respostas concretas e Pedro continua aguardando pela operação.

Para a mãe Diuli Pedrazzi, de 20 anos, lidar com o problema tem sido difícil. “Vou no posto e mandam para a Secretaria de Saúde, vou na Secretaria e dizem que não podem fazer nada”, relata. Diuli conta que identificou o problema há dois meses, quando sua família, de Cacequi, ajudou-a a perceber que a cabeça do pequeno estava achatada.

Apesar de já ter encaminhado a solicitação de consulta em Porto Alegre há mais ou menos um mês, Diuli ainda não recebeu resposta. Ela observa que para o procedimento ser encaminhado na capital gaúcha, é necessário que um médico de lá assine o laudo para encaminhamento. “Por aqui já fui direto na Defensoria Pública, para o julgamento do juiz”, prevê.

Impasse e burocracia

De acordo com o coordenador médico da secretaria de Saúde de Bento Gonçalves, Marco Antônio Ebert, a fila de espera para cirurgias de alta complexidade na área de neurologia é administrável, porém, o processo legal determina que os pacientes sejam encaminhados a Caxias do Sul, uma vez que o Hospital Pompeia é o único habilitado da região para realizar procedimentos do gênero pelo SUS. “Em casos de urgência nós estamos fazendo as operações em Bento”, observa. O tempo de espera pode ultrapassar 60 dias, segundo Ebert.

O coordenador médico ainda afirma que o Tacchini possui os requisitos para cirurgias assim, mas não está habilitado pelo SUS. “Estamos tentando trazer essa habilitação para o Hospital, mas a exigência é que atenda 22 municípios”, comenta.

Segundo o superintendente executivo do Tacchini, Hilton Mansio, o hospital atende a demanda na qual é contratado para atender. Ele explica que a instituição não possui habilitação pelo SUS para cirurgias de alta complexidade em neurologia. “Normalmente direcionamos para a rede (outros hospitais da região) porque a rede tem que dar conta e está habilitada para isso”, reitera.

 

Para não deixar sequelas

Segundo o médico especialista em neurocirurgia, que atende Pedro, Cássio Grapiglia, o ideal é que a operação seja realizada até os oito meses ou, no máximo, dentro do primeiro ano de vida.  O procedimento consiste numa espécie de reconstrução do crânio. 

Ele explica que o bebê tem uma assimetria craniana, que faz com que o cérebro não se desenvolva como deve se desenvolver. “Pode produzir problemas para o desenvolvimento neuropsicomotor e quadros de convulsões”, analisa.  Na opinião do médico, é necessário que as instituições juntem forças para fazer com que cirurgias do gênero sejam realizadas no município. “Quando existe esforço político nós podemos abraçar isso”, afirma. 

 

O plano B

Grapiglia salienta que a cirurgia não é muito cara, porém, depende de diárias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e uma série de procedimentos. “De tudo, a operação não é o mais caro, mas os demais gastos também contam”, observa. 

Caso não seja possível encaminhar o procedimento pelo SUS devido ao tempo de espera, outra possibilidade é realizar a cirurgia numa instituição privada. A conta para auxiliar a família com doações em dinheiro é: agência 181-3, número 111139-6, do Banco do Brasil. 

 

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