Desde o início da pandemia, em 2020, a comunidade de Faria Lemos está sem atendimento odontológico. Além de que, consultas com psicólogo nunca foram realizadas no local, mas existe demanda. De acordo com moradores anônimos e que preferiram não se identificar, anteriormente, todas as sextas-feiras um dentista fazia procedimentos na Unidade Básica de Saúde (UBS), localizada na região central do distrito. O espaço abria de segunda à sexta, agora só está ativo durante três dias.

Conforme João, a população está batalhando para conseguir esse serviço público novamente. “A resposta da prefeitura nos protocolos que a gente abre é sempre que a demanda não é suficiente ou que os profissionais são realocados conforme a procura. Só que é impossível que Faria Lemos com, aproximadamente três mil habitantes, não tenha pacientes odontológicos nesse período”, analisa.

Ele destaca que quem reside no distrito, tem que ir na fila do São Roque ou Aparecida para conseguir uma ficha de atendimento para a semana seguinte. “Só que lá competimos por uma vaga com todos os habitantes daquela região. Além de termos que sair dos pontos mais longe daqui, como a Linha Alcântara, o que não compensa para nós. Fora a questão de segurança, pois temos que ir para a fila de madrugada para tentar conseguir dentista”, comenta. Portanto, sem esse serviço, o espaço construído e equipamentos localizados na UBS local estão sem uso. “Temos toda uma estrutura que está lá parada. Foi feito um investimento há anos e ele está lá para as aranhas. Porque a prefeitura simplesmente não manda profissionais?”, questiona.

De acordo com Larissa, nem todos conseguem se deslocar para outras unidades e receber atendimento, principalmente pela dificuldade de locomoção. “Os horários de ônibus, na maioria das vezes, não fecham com os das consultas. Além de um profissional de odontologia, teve uma época que precisei de acompanhamento psicológico e não tinha no posto, foi um pouco difícil, pois iria me ajudar a entender melhor as emoções e o que estava acontecendo comigo”, recorda.

O terceiro relato é de Maria, que também necessita dos dois tipos de atendimento para ela e a filha Júlia. “Temos uma estrutura muito boa no posto de Faria Lemos, porém, não vem nenhum dentista desde o 2020. Precisamos nos deslocar para o São Roque e ficar na fila de madrugada para conseguir ter a chance de, na verdade, ter sorte. Eles distribuem somente quatro fichas por dia para consulta odontológica. Sem contar o perigo de se deslocar na escuridão, sabendo que temos tudo aqui no nosso distrito”, opina.

A presença de um psicólogo também é essencial para Maria. “Conforme fui informada, temos uma demanda bem grande, fila de espera e sem previsão para chamar. No meu caso, estou aguardando há dois meses, pois tenho uma criança adotada e que precisa muito de acompanhamento. Acho isso um descaso conosco, pois temos toda a estrutura e falta profissionais para nos atender”, conclui.

O que diz a prefeitura?

Conforme da Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura, o órgão público está com concurso público aberto para novos odontólogos, o que vai suprir essa demanda de profissionais. “Foi feito processo seletivo e os especialistas foram contratados, mas não foi o necessário para atender todos os espaços, como em Faria Lemos. Mas logo poderemos ampliar esses atendimentos”, informa.

Além de que, segundo a assessoria, a população pode procurar atendimento em outras unidades. ‘É importante deixar bem claro que, os pacientes que tiverem necessidade de atendimento, odontológico ou psicológico, podem procurar a Unidade do São Roque ou Aparecida para receber o acolhimento”, orienta.

Sobre o horário de atendimento, foi relatado que não há um fluxo de demanda que comporte a abertura todos os dias. “A Secretaria de Saúde vai acompanhando e, conforme a necessidade, vai ampliando a carga horária das equipes”, finaliza.