Com o objetivo de preservar a cultura imaterial e os detalhes do cotidiano de Bento Gonçalves, as exibições “Memórias orais: reticências da nossa terra” e “Luciana de Abreu: Deem-nos educação e instrução; nós faremos o mais” fazem parte da programação da Primavera dos Museus, promovida pelo Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram) até o dia 24 de setembro. Além disso, os estudantes do 4º ano, da Escola Maria Zambom Benini vão participar da Gincana da Memória, no dia 22 de setembro.

O tema proposto pelo Ibram, neste ano, é “Museu e suas memórias” e busca valorizar a lembrança institucional como elo essencial na sociedade, uma vez que tem por objetivo intensificar a relação dos museus com as pessoas por meio da promoção, divulgação, valorização e aumento no número de visitantes. Sendo assim, a memória é o principal tema da mostra no Museu do Imigrante e na Casa das Artes.

De acordo com a museóloga Deise Formolo, a importância das mostras é criar ligações para que seja possível compreender a atuação de outras pessoas na construção da história, e não retratar o mesmo ciclo cronológico. “Nós buscamos evidenciar um detalhe histórico, por exemplo, a história do mestre de obras responsável pela construção do Batalhão Ferroviário”, afirma. Para Deise, o objetivo é que o público se sinta convidado a continuar construindo a narrativa.

Fotos: Lucas Araldi

Luciana de Abreu e o nome da escola
Luciana de Abreu foi uma influente intelectual e escritora feminista no Rio Grande do Sul do século XIX e tornou-se pioneira nas reivindicações pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. Em Bento Gonçalves, na década de 40, como forma de homenagem, uma escola foi batizada com seu nome.
Segundo Deise, buscar memórias como essa possibilita pensar outras histórias sobre a cidade. “Nós pensamos em multiplicar os olhares de Bento Gonçalves, porque faz parte da história do Rio Grande do Sul, da memória escolar de Bento Gonçalves e da luta das mulheres, como um entrelaçamento de significados”, comenta. A exposição é composta pelo acervo do professor Luciano André Lemos.

Histórias paralelas, histórias do Museu
A mostra “Memórias orais: reticências da nossa terra” é resultado de um projeto desenvolvido em 2006, que buscou construir um banco de memórias orais do município e se pauta no conceito de patrimônio imaterial, por meio de relatos orais de moradores de Bento Gonçalves. No acervo, constam fotos do prédio do Museu do Imigrante em outros tempos e histórias de moradores que estiveram relacionados ao prédio.

Para Deise, a escolha do projeto se deu pelo fato de construir um diálogo interessante sobre o cotidiano do município, que convida pessoas que já tiveram memórias com o museu a ajudar na continuidade da preservação da memória. “Nós vamos exibir um documentário produzido pela equipe do Museu de 2006, com pessoas que tiveram suas histórias relacionadas de alguma forma”, conta. Deise frisa que o prédio já foi moradia e pousada.

A museóloga comenta que uma exposição é elaborada a partir de muita pesquisa, uma vez que é necessário consultar diferentes fontes e utilizar formatos diversos. “Isso é para que o público se sinta convidado, nosso objetivo é chamar pessoas que já tiveram memórias com o museu ou as interessadas em tudo isso”, afirma. As exposições seguem até dia 19 de outubro.