Dentro das comemorações dos 32 anos de emancipação, a cidade realizou a segunda edição da festividade, que reuniu cerca de 18 mil pessoas nos dias 17 e 18 de março. O evento também homenageou os voluntários que ajudaram nas tragédias de 2023

A 2ª ExpoSanta, realizada no último fim de semana, em Santa Tereza, marcou o recomeço para o município que sofreu com as catástrofes climáticas do último ano. Foram R$ 95 milhões em prejuízos, por conta das enchentes de 2023, somando o privado e o público. Felizmente, em seis meses, a cidade conseguiu se reerguer, graças à boa administração e a ajuda da comunidade e de incontáveis voluntários. A segunda edição da principal festa da cidade mostrou a importância da união e da solidariedade para o bem comum, e principalmente, devolveu a esperança e a autoestima para um povo que foi duramente afetado. A festividade contou com shows, empreendedores locais dos mais diversos ramos e gastronomia típica, vinícolas, cachaçaria e artesanato, atraindo um público de 18 mil pessoas nos dois dias, contando com autoridades do âmbito federal, estadual e municipal.

A prefeita Gisele Caumo revelou os obstáculos transpostos para poder comemorar o momento. “Há seis e quatro meses, respectivamente, Santa Tereza chorava por tamanha devastação, por tantas perdas. Santa Tereza lembra daquele fatídico quatro de setembro, como a pior catástrofe de toda a sua história. Muitas foram as indagações sobre a continuidade deste evento neste ano, afinal, prejuízos substanciais se sobressaem ao nosso enxuto orçamento. É claro que uma gestão se faz de planejamento e organização, e evidentemente remodelamos todo o nosso orçamento e elencamos prioridades e metas, sempre buscando apoio nas esferas estadual e federal. Ancorados neste planejamento, especialmente no ensejo de propiciar ânimo aos nossos agricultores, empreendedores e moradores, ratificamos a realização da segunda ExpoSanta. E ela só se concretizou porque houve a união necessária entre o público e o privado”, explicou.

Para deixar marcada essa gratidão, após a abertura oficial do evento, foi inaugurado, na Praça Norte, o memorial em homenagem aos voluntários que atuaram após as enchentes de 2023, tendo o formato de um obelisco.

Durante abertura, foi inaugurado o monumento em homenagem aos voluntários que auxiliaram a cidade durante as cheias

A ExpoSanta

Passados 30 anos de emancipação, em 2022, o Município ainda não tinha sua própria festa, uma marca que enfatizasse e reconhecesse o esforço dos empreendedores locais. Ao completar 31 anos, Gisele tomou para si o desafio. “Lembro na primeira edição da ExpoSanta que busquei inúmeros conceitos para intitular a imponência que essa festividade iria representar para a comunidade. Entre tantos, a palavra que guardo em minha memória foi sonho. Um sonho que foi ansiado por uma comunidade, que tanto aguardava por uma festividade capaz de enaltecer sua cultura, seus costumes e valorizar tudo o que é produzido e cultivado neste âmbito”, exaltou.

A primeira corte da cidade, representada pela rainha Letícia Perin Battistella e pelas princesas Maria Júlia Villa Caumo e Lana Lava salienta os desafios enfrentados pelo Município e a sensação de superação. “Falar de Santa Tereza, e de ExpoSanta, principalmente neste ano, é falar de superação. Quem de nós imaginaria que em seis meses após a maior catástrofe vivenciada em nosso município, estaríamos aqui juntos hoje? Quem acompanhou aquelas cenas de horror, jamais imaginaria que nosso pequeno paraíso seria entregue tão lindo”, disseram.

Além disso, rainha e princesas se emocionaram ao verem tantas pessoas no evento, que tem um significado tão importante para esta comunidade. “Cá estamos nós, superando as dificuldades, vivenciando momentos especiais e a vida. Gratidão hoje é a palavra que nos define, principalmente por todos que estiveram prestigiando a maior festa do Município. É difícil explicar com palavras o que sentimos, sendo a primeira corte de Santa Tereza, mas saibam que nunca esqueceremos deste momento”, relataram.

Empreendedores

O evento contou com um expressivo número de empreendedores locais e regionais. Alguns participaram pela primeira vez. Jessi Nodari tem 64 anos, é artesã e criou coragem de mostrar seu trabalho através da festividade. “É a primeira vez que participo de uma feira. Santa Tereza foi o lugar onde iniciei minha vida, apesar de morar em Garibaldi agora, meus vínculos estão aqui. Fomos convidados e fiquei muito feliz em poder divulgar meu trabalho, para que as pessoas possam conhecer o que é”, contou.

Jessi Nodari expõs seus produtos pela primeira vez, e escolheu a ExpoSanta para esta tarefa

Daiane Lava, auxiliar de escritório e artesã, participou da primeira edição, e foi justamente o que lhe impulsionou, junto com amigas, a mostrar o trabalho que fazem. “Foi muito bom ter exposto ano passado. Foi a primeira vez que participei de uma feira, porque só trabalho com encomendas. A experiência foi tão boa, que decidi vir de novo. Minhas amigas, que também são artesãs, trouxeram seus produtos, para que assim pudéssemos ajudar umas às outras”, explicou.
Aline De Nicol é sócia-proprietária de um restaurante que também estava na lista de empreendimentos presentes. “É a segunda vez que participamos da ExpoSanta. Tivemos uma experiência bem bacana no último ano. Nesta edição, o público está muito bom, e maior que o do ano passado. Em questão de organização também, foram muitas opções de empreendimentos, porque a feira cresceu”, disse.

Já o casal de empreendedores Marciano e Fátima Sartori foi marcado pelos sentimentos ao relembrar de tudo o que a cidade passou. “É emocionante para nós, porque depois de tudo o que aconteceu, ver voltar praticamente ao normal é algo maravilhoso. Temos que agradecer o trabalho dos voluntários e da administração pública, que em pouco tempo trouxeram nossa cidade de volta”, frisaram.

Emoção é o que define o sentimento do casal de empreendedores, Marciano e Fátima Sartori ao verem a cidade se recuperar

Público expressivo

Os dois dias de evento reuniram cerca de 18 mil pessoas, o que equivale a 12 vezes o número de habitantes. Pessoas de diversas cidades estiveram presentes na celebração. Uma delas foi a professora Gema Araújo, natural de Santa Tereza, mas que, atualmente, mora em Santa Catarina. “Não existiam esses eventos quando morava aqui, a própria ExpoSanta é algo inédito para mim. Numa cidade tranquila como essa, quase não há o que fazer, então uma celebração dessas aumenta muito a autoestima do povo”, disse.

Gema Araújo acredita que eventos como esse, trazem autoestima para os moradores

Já Sílvio Barella levou a esposa Salete e a filha Letícia para aproveitarem o evento. Moradores de Santa Tereza, encontravam dificuldade para expressar a felicidade sentida ao ver tanto movimento em seu município por um motivo tão bom. “Não era possível pensar que em seis meses Santa Tereza já estaria tão boa. Foi uma tragédia o que houve, mas com a boa administração e a ajuda de todos, realizaram essa feira linda”, enfatizou.

Sílvio Barella ao lado da esposa Salete e da filha Letícia, reconhecem as melhorias na cidade em tão pouco tempo

Fotos: Renata Carvalho, Vagão Filmes e Vinícius Medeiros – Fotógrafo SDR