Depois da mobilização dos artistas e da reestruturação da Secretaria de Cultura de Bento Gonçalves, a fusão com a pasta de Turismo não deve ocorrer. A certeza parte do coordenador cultural Cristian Bernich, que integra a equipe da pasta. O posicionamento oficial da Secretaria de Cultura permanece o mesmo de dezembro, quando a questão veio à tona: a Prefeitura não sinalizou institucionalmente a possibilidade da fusão, portanto, o trabalho segue em desenvolvimento.

De acordo com o secretário Evandro Soares, o prefeito Guilherme Pasin nunca sequer comentou sobre a fusão pessoalmente. “Por isso fica difícil de dizer se vai ou não haver. Nunca fomos chamados para conversar”, observa. Já Bernich acredita que Pasin foi sensibilizado pelos artistas e percebeu que manter a pasta em funcionamento não significava um custo, mas um investimento. “Na época a justificativa para a junção era a questão financeira, mas não havia nada concreto”, comenta.

O artista também foi uma das lideranças nas manifestações de dezenas de artistas que protestavam contra a medida no final do ano passado. “Agora eu trabalho aqui (na Secretaria de Cultura). Por consequência das reuniões com o prefeito, o secretário me chamou e eu acabei aceitando”, conta.

Em reunião, o líder do Executivo solicitou aos artistas que apresentassem um organograma com soluções para o órgão cultural funcionar com menos custos, o que está sendo aplicado em etapas. Hoje a estrutura da pasta consiste em três pilares: direção cultural, administrativa e de projetos. “Nós estamos trabalhando para buscar cumprir com o que foi proposto no organograma. O número de funcionários está reduzido, mas nós temos bastante trabalho”, declara.
O objetivo do trabalho, de acordo com Bernich, é fazer com que a Secretaria atue como um órgão de fomento à cultura por meio de projetos encaminhados pela Fundação Casa das Artes, uma vez que a pasta, legalmente, não pode receber recursos como da Lei Rouanet, por exemplo.

A definição do nome

Bernich foi contratado pela Prefeitura para integrar a administração após manifestações da classe cultural. Soares esclarece que a nomeação de Bernich não teve relação direta com os protestos de dezembro e que o nome foi apontado pelos artistas por meio de consenso. “Isso não se deu só em função da expertise do Cristian, mas também foi discutido junto com os artistas, no sentido de buscar qualificar o quadro de funcionários. Muitos nomes foram apresentados, nós tivemos que fazer uma avaliação até chegar na melhor escolha”, explica.

Além disso, o secretário observa que se em algum momento houve ociosidade por parte dos funcionários da Secretaria de Cultura e da Fundação Casa das Artes, hoje isso é impossível de ocorrer. Ele explica que servidores da pasta estão exercendo mais de uma função. “Além da questão do enxugamento, a qualificação deles faz com que realizem mais de uma atividade”, analisa.

Ainda segundo o secretário, tem sido dificil encontrar um produtor cultural para trabalhar na equipe da Cultura, já que a maioria dos produtores está envolvido em projetos próprios, o que impossibilita de exercer a função pública simultaneamente.”Estamos buscando outra forma de desenvolver esses projetos, por exemplo, por meio de parceria com produtores. Muitos se disponibilizaram em apresentar propostas junto à Secretaria e à Fundação”, avalia.

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