Conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria, com as crianças em casa por longos períodos, a quantidade de acidentes domésticos aumenta 25%. Pediatra dá dicas de como evitar imprevistos, capitão dos Bombeiros ensina a como lidar com engasgos e psicopedagoga indica atividades lúdicas para “gastar a energia” dos pequenos
Com as crianças em casa durante as férias, é muito importante a atenção completa dos pais para com os pequenos. Isto porque, conforme dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), durante a pausa das atividades escolares, o número de acidentes domésticos aumenta 25%.
A pediatra Angela Cagol menciona que os casos mais recorrentes são de quedas, queimaduras, intoxicação com produtos de limpeza, aspiração de corpos estranhos e afogamentos. “O cômodo onde ocorrem mais acidentes é a cozinha. Acontecem queda, por causa do piso; queimadura, por conta do fogão e forno; intoxicação com produtos de limpeza; choque elétrico, por tomadas e fios desprotegidos; engasgo e aspirações de corpos estranhos, por exemplo os grãos; e afogamento no balde ou pia”, cita.
Para a médica, há alguns itens perigosos que precisam estar invisíveis aos olhos dos pequenos. “Tesouras, facas e objetos quebráveis devem ser mantidos bem guardados e fora do alcance. Os móveis de bordas cortantes, que ficam na área onde a criança brinca, devem ser retirados. Um dos problemas mais sérios e de maiores sequelas é a queimadura”, alerta.
Itens básicos da rotina de um adulto, e aparentemente inofensivos, como pilhas, óleos essenciais ou plantas, podem ser verdadeiras armadilhas quando há crianças em casa, segundo Angela. “Se ficarem ao alcance delas, os utensílios e produtos podem causar acidentes sérios de intoxicação e engasgamento”, destaca.
Conforme a pediatra, é preciso supervisionar sempre a alimentação da criança. “Além disso, é necessário garantir que a hora da refeição seja um momento tranquilo; atentar para a posição correta no momento de comer; não deixar crianças pequenas brincando sem supervisão; respeitar as idades recomendada dos brinquedos; não deixar objetos de risco ao alcance; sempre olhar bem o chão e embaixo de móveis, pois bebês e crianças são exploradores astutos”, recomenda.
A profissional destaca que alguns alimentos devem ser evitados, como sementes e oleaginosas, salsicha, pedacinhos de queijo ou carne, uva inteira ou cortada na transversal, balas duras ou pegajosas, pipoca, hortaliças cruas, uva passa e chiclete. “A princípio, todos estes devem ser evitados em menores de três anos, pois apesar de o engasgo poder ocorrer em qualquer fase, as as crianças dessa faixa etária são as mais suscetíveis”, esclarece.
Em quais casos procurar ajuda médica?
Segundo Angela, o ideal é sempre à mão o telefone do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Na ocorrência de um acidente, normalmente os adultos se perdem por que não sabem o que fazer, então isso ajuda muito. Em casos de acidentes leves e que não envolvam funções vitais da criança, poderão ser atendidos pelos pais. Casos mais graves, como intoxicação, queimaduras, quedas, engasgos e afogamentos, necessitam de avaliação médica urgente”, ressalta.
Uma rotina de diversão
A psicopedagoga Cristiane Ramos reitera que é importante evidenciar que as crianças não nascem sabendo o que pode ou não representar um perigo para suas vidas. “Para um adulto, é óbvio que ao botar a mão no fogo ele vai se queimar. Para uma criança pequena não é assim. Ela ainda não tem conhecimento, nem experiências suficientes para saber a consequência de seus atos. Nesse sentido, orientar é fundamental”, considera.
Para os pequenos fixarem seus aprendizados da melhor maneira possível, uma opção, como explica Cristiane, é orientar de forma lúdica por meio de brincadeiras. “Brinque com bonecos, panelinhas, embalagens e simule situações para facilitar a compreensão, assista vídeos juntamente com as crianças”, sugere.
No período de férias, o ideal é ‘gastar a energia’ das crianças, uma tarefa que requer empenho dos adultos. O período, conforme a psicopedagoga, pode ser um grande desafio para os pais e a melhor forma de encarar é se divertindo junto. “É importante criar uma rotina, esta poderá ser construída em família. Ouvir as sugestões e desejos das crianças poderá facilitar. Todos nós precisamos disso e não é diferente com eles, então sinalize até mesmo os afazeres domésticos e momentos de preparo das refeições. Peça ajuda com tarefas simples como varrer o chão, limpar a mesa, tirar o pó. Por que não uma receita de bolo? Eles adoram ajudar. Que tal acampar na sala, na sacada ou até mesmo no quarto? Ou então, tarde do cinema, campeonato de jogos, um piquenique no parque? Use e abuse de sua criatividade”, indica.
Mais do que momentos de descontração, em uma rotina, a psicopedagoga realça que também deve-se estabelecer horários para acordar, para as refeições e a hora de descansar. “Nesses momentos é importante estar de fato com a criança, então deixe de lado o celular, aproveite cada momento, cada passeio. Lembre-se que essas memórias ficarão marcadas, então se entregue por inteiro”, conclui.
O que fazer em caso de engasgo?
O capitão Gustavo Kist, do Corpo de Bombeiros Militar de Bento Gonçalves (CBM) reitera que durante as férias escolares, os índices de acidentes aumentam devido a uma nova rotina. “Os principais acidentes são quedas e queimaduras, seguidos de ‘engasgamentos’ e afogamentos”, confirma.
No caso de engasgo de uma criança, Kist salienta que deverão ser dados os primeiros procedimentos, se possível, pelos pais. “Uma das mãos permanece fechada sobre a chamada ‘boca do estômago’ (região epigástrica). A outra comprime a primeira, ao mesmo tempo em que empurra a ‘boca do estômago’ para dentro e para cima, como se quisesse levantar a vítima do chão”, ensina.
A orientação do capitão do CBM é que o acionamento do Corpo de Bombeiros é de suma importância sempre que se deparar com uma emergência. “Orientando-se que os pais disquem 193 e coloquem o telefone no viva-voz enquanto fazem os procedimentos orientados pelo atendente, neste mesmo tempo estaremos deslocando ao local”, conclui.
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