Somos um aglomerado de experiências, dores, saudade, medos, crenças. É tão clichê afirmar que somos únicos, mas não entendemos a profundidade da expressão quando lemos ou ouvimos. Não paramos para pensar nos detalhes. Viajamos por diversos lugares, comuns a tanta gente, mas cada um sente e vivencia algo diferente. Para o outro lado do mundo, ou o outro lado da cidade, a viagem pode ser tão rica de experiências. Há quem viaje só nas férias ou quem faz disso sua vida (queria). Uns para fugir, outros para descansar ou para trabalhar. A vista da minha janela, ora me faz sentir que existe um mundo inteiro para desbravar, ora sinto que vai ser sempre tudo igual.


Erramos o tempo todo a fim de acertar. Cada um tem seus subterfúgios. As pessoas estão muito machucadas e arriscar já não é uma opção. Perdemos a confiança, um pouco do amor próprio, aquela alegria boba de se arrumar num sábado à noite. Já não queremos mais nos apegar, porque aquele “para sempre, sempre acaba” e antes mesmo de começar já estamos lá no fim, para não sofrer.


Realmente, a sensatez nos faz ir para um caminho frio e realista demais. Melhor ficar em casa, melhor não se envolver, melhor não começar, melhor ir dormir porque dormindo não me estresso. Não me incomodo. Não sofro. Não vivo.


E então a gente começa a sobreviver. Requer um emprego estável para atender as necessidades básicas, como comida, água, vestimentas, locomoção e um bom vinho de vez em quando. Relacionar-se para suprir a carência, de preferência com bonecos infláveis, encher a cara quando estiver com problemas, focar em alguma promoção de carreira e um pouco de toxina botulínica.


Viver é um pouco mais arriscado. Exige que você comece tudo como se estivesse fazendo pela primeira vez, mas com a maturidade que você conquistou. É um cálculo difícil, não sabemos por antecipação o que vai somar na sua vida e o que não vai, se estamos errando tentando acertar. E isso, nunca iremos saber. Não precisa se jogar em qualquer piscina, é só colocar o pé para ver se não é rasa demais.


Posso achar que a cada decepção não deva tentar mais, que não existe alguém que mereça uma chance, que as pessoas são todas iguais. É uma reação normal, mas ela não dura muito. Quero viver, quero experimentar, sempre me arrependi daquilo que não fiz, porque nunca vou saber o que deixei de ganhar. Não fazia por medo, por comodidade. Mas espero que, sempre que puder, eu me permita mais. Mesmo que eu erre tentando acertar.


“Será que perdi alguma coisa fazendo isso? Não deveria ter feito?” Ainda penso se é melhor tentar, nem sempre vamos conseguir ficar em cima do cavalo que passou encilhado. Às vezes ele era a carona de outra pessoa. Paciência.


Tentar ainda é a melhor oportunidade. Mesmo que não seja a escolha certa, de alguma forma, ela vai lhe ensinar alguma coisa. Mesmo que seja aprender a chorar sem deixar as lágrimas caírem. No amor e na dor, privar-se de sentir é como morrer lentamente.

¹ Do Oito, Chaves.