“Tu te torna eternamente responsável por aquilo que cativas.
Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo…”
Buscando a frase correta no Google, me deparei com alguns textos. 99% deles confirmando a veracidade e beleza da frase, dita pela raposa, no livro de Antoine de Saint Exupéry, O Pequeno Príncipe. Porém, como boa chata que sou, comecei a pensar como isso se aplicaria em um relacionamento – ou como não se aplica.
A frase é um tanto adorável e verídica, o que fazemos por outra pessoa é importante e conta muitos pontos na hora de “pesar” o “amor”. Como a pessoa se importou naquela hora, o que ela fez para me deixar feliz no meu aniversário, o quanto ela esteve comigo nos meus maiores momentos. Sim, isso tudo conta. O jeito que foi, como foi, os sorrisos que deram e as lágrimas que derramaram. As flores que recebeu, o abraço que apertou as costelas.
Mas me perguntei: foram somente as ações daquela pessoa ou foi o combo “ações + pessoa”? Claro que você irá se destacar se for gentil, amável e compreensivo, mas isso não irá fazer alguém se apaixonar (de várias formas) por você, disso eu entendo. Se fosse assim, onde ficaria a tal de energia entre as pessoas? Não química, energia. Química é volátil. A energia que bate quando você nem conhece a pessoa e já considera pacas. Quando parece que a conhece há anos e se sente à vontade com ela, e ela retribui. Energia não mente. E não quer dizer que as ações de outras pessoas não valham. Mas quem vai te cativar mais?
Quando pensei que a frase não se aplicaria nos relacionamentos, lembrei de todas as vezes que duas pessoas começam a conversar e encontram vários pontos em comum. Gostam de ler, de assistir, de ficar em casa, o papo flui, a menina é inteligente além de bonita (impossível, né), é super atenciosa, e se oferece para ir até o local de encontro para o fulano não precisar dirigir tanto (nossa como ela é madura). Vocês têm uma chance para descobrir o que aconteceu com esse casal que tinha tanto em comum e tanto para se conhecer.
Temos “n” motivos para não ficar com “n” pessoas. E está tudo bem. O problema é entre as expectativas que criamos e as coisas que dizemos. Portanto, muitas vezes a dedicação empregada em conquistar uma pessoa não irá valer para um final feliz. Se aplica em todos os tipos de relacionamento, inclusive com o seu cachorro que prefere seu irmão.
Eternamente responsável por aquilo que cativo? Talvez mais responsável pelas expectativas que crio.