A cada dia temos grandes novidades nesse continente chamado Brasil. Via de regra, essas novidades não são nada alentadoras para a população em geral, para o povão. Na semana passada o presidente da Confederação Nacional da Indústria – CNI -, Robson Braga de Andrade, concedeu uma entrevista, amplamente veiculada pela imprensa, na qual defende a jornada de trabalho de 80 – é isso mesmo, OITENTA – horas semanais. Atualmente a jornada é de 44 horas e os sindicalistas querem reduzí-la para 40 horas.

Quer mais, quer revisão da legislação trabalhista. E tudo isso como argumento para “combater a crise”. Para começar, já tivemos, em 2002 e anos anteriores, verdadeiras crises onde o desemprego foi superior ao atual; a taxa de juros chegou a 46% e 26% em 2002; o PIB era menos de um terço do atual; a dívida externa bilionária; as reservas cambiais menores de 37 bilhões de dólares (hoje superam 370 bilhões de dólares) e por aí afora, mesmo tendo explodido estatais a preços de bananas. Conseguimos superar as três últimas crises – México, Rússia e Indonésia -, bem como a maior de toda a história da humanidade – 2008 e 2009 -, quando os governos “ajudaram” os capitalistas a não falirem, com mais de seis trilhões de dólares. Tudo isso sem aumentar jornada de trabalho ou alterar a legislação trabalhista.

Trabalhar 12, 13, 14 ou mais horas por dia é, no mínimo, retroceder ao século vinte, quiçá ao dezenove. Viva a Lei Áurea, senhor Robson! E seguem os fatos que não conseguimos entender. O Congresso Nacional aprova aumentos salariais às categorias melhor remuneradas, o que repercute nos estados e municípios. Aqui, no Rio Grande do Sul, nossa “mui leal e valorosa” Assembléia Legislativa aprovou aumentos aos setores do funcionalismo que mais altos salários recebem, enquanto professores e policiais lutam contra os baixos salários, pior ainda, pagos a prestações.

O Governador Sartori vetou tais aumentos. Escrevo antes de saber se a maioria dos deputados teve a audácia, a ousadia, o desrespeito a todo o povo gaúcho de derrubar o veto do governador. Já aqui, mais perto, nossa não menos “mui leal e valorosa” câmara de vereadores decidiu ignorar, fingir que a população e os eleitores inexistem, que o que pedem não “interessa aos interésses” deles e mantiveram o número de 17 vereadores. Não satisfeitos, decidiram aprovar a manutenção dos seus salários, do prefeito, vice, etc, nos patamares atuais (abordarei isso na coluna de sábado), ao invés de considerar a petição cujas assinaturas milhares de cidadãos eleitores foram colhidas pelo cidadão Mauro Noskowski e entregues na Câmara. Mas, essa gente está fazendo o quê? Aumentam impostos porque não tem mais como custear a máquina e aumentam seus salários? Outubro tem eleições, meus caros! Será que estão contando com o “a população tem memória curta?” A conferir!