Agricultores reclamam da ausência do município no atendimento de suas demandas como a manutenção das vias

 

As condições das estradas no interior de Bento Gonçalves voltou a ser debatida nas últimas sessões da Câmara de Vereadores. Agricultores e moradores de várias comunidades que dependem delas para transportar seus produtos esbarram na falta de manutenção e na demora do atendimento de suas necessidades por parte do governo municipal. O Semanário percorreu alguns quilômetros nesta semana para verificar a situação e aproveitou para conversar com alguns agricultores.

Independente da região, a reclamação comum entre todos era da falta de manutenção, algumas já de longo período. É o que relata Mariana De Biasi, que mora e trabalha com agricultura na divisa dos Distritos de Faria Lemos e Tuiuty. “Eles (Prefeitura) vêm de um lado até o salão da comunidade de São Pedro e do outro até a comunidade de Santo Antônio e não avançam mais. Aqui, não passam há a uns cinco anos”, destaca.

De acordo com De Biasi, várias solicitações foram feitas junto aos órgão responsáveis, mas nem sempre com uma solução. “Ligamos e sempre tem uma desculpa diferente. É a máquina que quebrou ou que está em outro serviço. Em outra oportunidade, solicitamos em Faria Lemos uma carga de brita e nos disseram que o britador estava quebrado. Porém, daqui da propriedade vimos o britador trabalhando. Liguei e falei com a responsável que eles estavam mentindo. Dois ou três dias depois mandaram”, conta.

A agricultora ainda faz um desabafo. “Ligamos antes e durante a safra da uva, sem sucesso. Puxamos mais de 50 mil kg com carreta, 30 caixas de por vez, porque a estrada estava horrível. Falta nivelamento, corremos o risco de tombar com o trator, está perigoso andar aqui, sem condições. Nos abandonaram”, completa.

Um outro agricultor que preferiu não se identificar, engrossou o coro sobre o abandono das estradas do interior. “Não tem condições de trafegar aqui, só conseguimos de carreta. De carro está quase que intransitável. Pelo menos há seis meses a gente não vê nenhuma máquina da prefeitura sequer deixando brita”, frisa.

Em Veríssimo, um produtor destacou os piores locais que enfrenta para escoar a produção. “Entre Santo Antônio e Linha Paulinia tem mato por todo o lado. Nossa região está quase toda abandonada, Linha Demari, Nossa Senhora da Natividade, São Luiz. É muita luta para que eles venham para fazer um trabalho”, critica.

Prefeitura diz estar trabalhando

A prefeitura, através do Secretário de Viação e Obras Públicas, Amarildo Lucatelli, informou que a manutenção das estradas têm sido constante, mas com os períodos longos de fortes chuvas, o serviço de patrolamento e colocação de brita acabou sendo prejudicado.
De acordo com Lucatelli, as solicitações feitas serão atendidas. “O interior é grande e até a subprefeitura voltar ao local demora. Recebemos as solicitações dos moradores e fazemos o possível para atender com agilidade”, relata.

Com relação a falta de máquinas disponíveis para o serviço no interior, Lucatelli, justificou. “Uma máquina ou outra acaba estragando e no serviço público, o trâmite burocrático para arrumar é mais demorado. Estamos fazendo mutirões entre os distritos para que as demandas sejam atendidas. Para o período da safra o trabalho será intensificado”, promete.

A secretaria de Viação e Obras Públicas informou ainda que as subprefeituras já estão arrumando as estradas da Linha Demari, Vale Aurora, Linha 40 e a Linha Zemith. Questionado se há algum calendário para a recuperação das estradas, Lucatelli informou que não há um cronograma definido, sendo que cada subprefeitura trabalha conforme a demanda do distrito. Além disso, que o serviço será intensificado no período da safra da uva.

Vereador pede mais agilidade do município

A situação das condições das estradas no interior chegou até ao Legislativo. Alguns vereadores endossam as cobranças dos agricultores com a prefeitura e os órgãos responsáveis.

Para o vereador Agostinho Petroli (MDB), as más condições e falta de manutenção das estradas do interior de Bento Gonçalves, merece atenção especial. “Venho ressaltando na Câmara o descaso com as estradas do interior. O Moisés Scussel (PSDB), também já comentou na tribuna. Essa situação precisa ser resolvida de forma ágil e não como está sendo pelo Poder Executivo. Do jeito que está, só realizando uma grande mobilização, trazer o pessoal do interior com seus materiais de trabalho para a frente da prefeitura para que sejam ouvidos e seja feito algo. Estamos em contato permanente e cobrando a Secretaria de Viação e Obras para que algo seja feito.”, conta.

Segundo Petroli, falta Agilidade no atendimento aos agricultores há algum tempo. “O líder do governo nos informou que teria o mutirão da vindima e eu até questionei se era da última ou para a próxima. O pessoal da Prefeitura trabalha três ou quatro dias e depois abandonam. Em maio, foi divulgado que teria outro mutirão para a agricultura e no fim, ninguém viu resultado prático. Não há preocupação do Executivo para melhorar essas condições”, ressalta.

Ainda de acordo com Petroli, a falta de maquinário não é justificativa para a falta de manutenção. “Têm máquinas que ficam seis, oito meses e até um ano estragadas e com valores irrisórios para conserto, algo de R$20, 30 mil reais. Não fazem por má vontade com o interior, para mim está bem claro essa situação”, adverte

Fotos: Guilherme Kalsing/ Jornal Semanário