Analisando a Estação Ferroviária de Bento Gonçalves, percebemos sua riqueza histórica e cultural, aspectos presentes em tudo o que compõe seu espaço estrutural e na memória de cada um dos moradores do seu entorno do município.

Para se chegar à tecnologia capaz de construir residências e prédios simétricos e funcionais, foi necessário muito estudo, informação, pesquisa, tecnologia geralmente importada, mas rica em memória história.

Mas em 1908, a Estrada de Ferro estava chegando a Carlos Barbosa. Procedendo-a, vinham engenheiros, políticos, empreiteiros, pedreiros e grande número de trabalhadores braçais. Eram belgas, castelhanos, brasileiros (gaúchos e catarinenses) e, sobretudo, imigrantes europeus e seus filhos. Sob o comando da Companhia Belga “Auxiliare” todo este movimento mexeu com a vida e os costumes desde a localidade do Rio dos Sinos até Caxias do Sul, mas muito particularmente, em Carlos Barbosa (na época Villa) porque seria construída uma Estação Ferroviária de grande porte, destinada de início, a comportar fluxo comercial de Garibaldi, Bento Gonçalves, Alfredo Chaves (hoje Veranópolis) e posteriormente, a servir de entroncamento com o ramal que chegaria até Bento Gonçalves.

A exemplo de Carlos Barbosa, que inaugurou a Estação em 1908, também em Bento Gonçalves houve uma intensa movimentação de políticos e empresários e a chegada de mão de obra para a construção da Estação Ferroviária.

Em 10 de agosto de 1919, alinha ferrovia chega à cidade de Bento Gonçalves, o que foi motivo de grandes comemorações.

Em cada pedra, em cada trilho ali assentado, está presente a energia de homens, na maioria moradores da cidade, que acreditaram no progresso desse município, seu suor, sua alegria, pois sabiam que estavam construindo muito mais que um prédio ou a colocação de trilhos… mas, estavam construindo o futuro de Bento Gonçalves.

Todas as Estações Ferroviárias, construídas no Rio Grande do Sul, nos anos de 1905 à 1958, respeitaram uma mesma linha e tendência na sua construção, isto se deve ao fato de terem sido construídas pela companhia Belga “Auxiliare de Chémius de Fer au Brésil”, que padronizou.

Com o decreto nº 5548 de 06 de junho de 1905, o governo federal concedeu à companhia Belga a exploração das linhas ferroviárias existentes no Rio Grande do Sul, nos anos de 1905 à 1958, e a construção de novos troncos, os quais, juntamente com as dependências, edifícios, telégrafo, material fixo e rolante tornaram-se propriedade da União em 15 de março de 1958.

A referida companhia, tinha sua sede em Bruxelas, construiu sua administração na cidade de Santa Maria da Boca do Monte (hoje Santa Maria-RS).
– “Hoje, nós estamos usufruindo do que chegou até nós, com tanta dedicação dos que pensaram num futuro melhor…O progresso e o desenvolvimento.”