O Brasil está pintado, do Oiapoque ao Chuí, de azul e vermelho. Sim, a grenalização tomou conta de tudo e de todos. Só que não envolve Grêmio e Internacional, algo enraizado aqui, na República de Piratini. Essa grenalização é petismo e antipetismo. A coisa toda é tão sem noção que já está merecendo exames psicológicos em massa e, até mesmo, psiquiátricos. Como até os pardais da Praça Walter Galassi sabem, só existem, de fato, dois partidos no Brasil atual: o PT e o ANTIPT. O resto é adesista, como diria um inconfundível líder partidário local. Então, a coisa está assim: se não interessa a petistas, só pode ser coisa dos antipetistas; se não interessa aos antipetistas, só pode ser coisa de petistas. Já ultrapassou em muito as barreiras do ridículo esse maniqueísmo político-partidário. Exatamente como a grenalização de tudo aqui, no Rio Grande do Sul.

E nada escapa!

Já havia ocorrido antes, com a queda do jato que transportava o então candidato Eduardo Campos. Petistas e antipetistas contavam estórias a rodo sobre “como os adversários tinham interesse nessa morte”. Absurdo, ridículo, mas levado a sério pelos sem noção. Agora, mais uma tragédia acontece. O ministro do STF, Teori Zavaski, morre em acidente aéreo. Sequer havia a confirmação de sua morte e as redes sociais já abundavam de petistas e antipetistas com suas “infalíveis” teorias conspiratórias. “Isso é coisa de petistas”, dizia um lado; “só pode ser coisa de antipetistas”, dizia o outro lado. Cristo! Será que as pessoas que exercem alguma liderança não percebem essa estupidez galopante? Será que não surgirá uma, uminha só, voz que tenha o bom senso de dizer que “é preciso concluir o processo todo para se saber as causas do acidente”? Mas, dizer com a convicção e isenção que o fato exige. Não, não surgirá. Os “interésses” de grupos estão acima de tudo, principalmente do Brasil e dos brasileiros.

Ainda há esperança?

Pois numa época em que o “normal” é se ver políticos usufruindo das benesses e regalias que “a lei lhes faculta” (importante dizer-se que essas leis são feitas por eles mesmo e para atender seus próprios “interésses”), eis que em Caxias do Sul o novo prefeito e seu vice abriram mão de carro oficial e de motoristas. Eles usarão seus próprios carros. Em Bento Gonçalves, já houve um exemplo, já que o então prefeito Roberto Lunelli também dispensava motorista. Pode ser um alento de moralidade isso? Não, claro que não. Essa economia de dinheiro público é insignificante perto dos gastos com “aspones”, “gepones”, “apadrinhados”, “cabos eleitorais”, “correligionários fiéis”, etc.

Ou não?

A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul é um caso explícito. Um exército de funcionários, recebendo salários impensáveis para os mortais comuns (aqueles que pagam essa conta), deliciam-se dentro ou fora dos gabinetes. Falta muito, ainda, para o povão se dar conta de que essa tchurma é muito pesada para ser carregada por tanto tempo e com tantas mordomias. Mas, esse dia chegará. Então teremos políticos e funcionários públicos como na Suécia. Lá as funções públicas são exercidas com ética, moral, honestidade e decência. Aqui, os que assim procedem são considerados “burros”. Mas, não percamos as esperanças. Vai que uma “epidemia de honestidade” se espalhe por todo o Brasil, né? Difícil? Sim, e a tendência é que sejam necessárias algumas gerações para isso. E, claro, que a Constituição e as legislações posteriores sejam elaboradas por pessoas de comprovada conduta moral, sem jaças e apolíticas. Poderá acontecer? Vivermos o suficiente para ver isso? Quem acredita?