Se alguém contar para alguma pessoa da Europa, Ásia ou Oriente Médio que não acompanha os acontecimentos no Brasil, certamente não terá um mínimo de crédito e, possivelmente será chamado de louco ou mentiroso. E razões não faltariam para receber tais qualificativos, senão, vejamos. Em 1964 um golpe militar-civil-midiático tomou o poder, sem disparar nenhum tiro. Esses que estiveram no poder, sustentados por uma mídia imunda que se locupletou ao seu bel prazer e com parlamentares que fingiram ser “oposição”, governaram por vinte e um anos, impondo seríssimas restrições aos direitos e liberdades individuais. Em 1985, deram uma “colher de chá” e autorizaram eleição presidencial indireta, no Congresso Nacional – recheado de “biônicos” nomeados pelos próprios ditadores – e, com a morte daquele que permitiram que fosse eleito, um presidente também biônico assumiu e todos sabem o desastre que foi.

Seu Plano Cruzado foi tão ruinoso que estamos pagando essa conta até hoje. E esse governo pífio conseguiu ser o mentor da pior Constituição que o Brasil poderia ter, com uma Assembléia Nacional Constituinte elaborando-a e, depois, continuando as mesmas figuras na Câmara e no Senado.

A Constituição foi feita sob peso e medida para esses parlamentares e todos os que vieram depois. Aí a rede de televisão elegeu Fernando Collor de Mello presidente, pelo voto direto. Não precisa comentar o que fizeram e colocaram Itamar Franco no poder. Ele conseguiu, no seu governo, lançar o Plano Real, cuja autoria um sociólogo se auto-atribuiu os méritos para, depois, cavalgando nessa mentira, tornar-se presidente. E esse entregou, a preço de bananas, valiosíssimos patrimônios nacionais, como a Vale do Rio Doce, por força da propaganda enganosa divulgada diuturnamente na “mídia amiga”.

Quebrou o Brasil três vezes em oito anos de governo (quem acha que não, sugiro que procurem o resultado das “crises” do México, Rússia e Indonésia), entregou o governo com as reservas internacionais em valores ridículos, além de muitas outras coisas. Sobre os governos Lula e Dilma, por ser recentes, todos lembram o que foram. Mas, um segundo impeachment presidencial em vinte e quatro anos de “democracia”, escancarou a “ditadura parlamentar” que tenho escrito ao longo dos anos.

O Brasil é comandado pelos parlamentos. O presidente da Câmara chegou ao cúmulo de dizer que a Câmara não pode receber pressões externas. Não sabe ele que o povo os elege e os paga não para fazerem o que bem entendem, mas para trabalharem por nós, povo. Depois de ser defenestrada a presidente Dilma, veio o chute no traseiro de Cunha e agora de Renan. Temer será o próximo ou sua intimidade com membros indefectíveis do PSDB lhe garantem “imunidade”? E vem aí a “reforma da previdência social”, cujo teor faz tremer os brasileiros do Oiapoque ao Chuí. Sobre ela comentarei oportunamente. Realmente, está difícil viver no Brasil!