Comercialização de vinhos, no entanto, apresenta redução em comparação a 2021

Com a pandemia da covid-19, o consumo de vinhos registrou alta em 2020, com maior volume de comercialização e per capita. Antes da divulgação oficial do balanço de 2022 do setor, dados da Ideal Consulting, empresa de inteligência de mercado referência no segmento, demonstram aumento na venda de espumantes.

O espumante brasileiro foi o destaque, apresentando crescimento de 2% no ano passado e os importados registram acréscimo ainda maior, de 28%, se comparados a 2021. Esse movimento percebido em âmbito nacional também pode ser notado nos estabelecimentos locais.

Conforme o gerente de marketing da Cooperativa Vinícola Garibaldi, Maiquel Vignatti, com relação à bebida símbolo da Capital Brasileira do Espumante, a empresa registrou uma elevação de 18% em relação a 2021. “Em termos de volume, ultrapassamos as seis milhões de garrafas comercializadas em 2022”, menciona.

Lembrando do ápice do consumo de vinhos durante a pandemia e fazendo a comparação com os dias atuais, a retomada dos eventos é um dos fatores que teriam influenciado esse avanço na comercialização do espuamante. “Realmente, o brasileiro escolheu o vinho nacional para aquele momento de ficar em casa e o fechamento de fronteiras dificultou a importação, o que acabou fazendo com que o vinho de fora, que já estava aqui, tivesse seu ticket médio aumentado. Isso abriu portas para o vinho nacional, além, claro, de sua qualidade. Em 2020, o momento não favoreceu o consumo do espumante, mas ainda assim conseguimos crescer um pouco. Em 2021, já sentimos uma retomada com alguns eventos retornando e apresentamos crescimento. Agora, em 2022, de fato a questão de ter mais liberdade favoreceu essa retomada”, ressalta.

Vignatti destaca que 2022 foi promissor para a cooperativa. “Foi positivo e, mesmo diante de tudo o que aconteceu, como inflação e disputa política, conseguimos crescer na casa dos 13% em faturamento. O ano também foi de investimentos. Depois de várias aplicações no campo, na indústria, em tecnologia e inovação, foi a vez do turismo. Destinamos quase R$ 6 milhões só no enoturismo, apenas com o fluxo de caixa, sem acesso a linhas de crédito, e fizemos alguns outros investimentos previstos. Então, isso mostra que não podemos nos queixar do ano de 2022”, salienta.

Para 2023, a prospecção é de reacomodação do mercado, sendo que o mês de janeiro já obteve um bom desempenho. “Este ano será mais difícil, com algumas adversidades que devem surgir, seja no campo econômico ou político, então estamos preparados para um cenário com um pouco mais de dificuldades. Mas isso não nos impede de prospectar crescimento. Já tivemos o mês anterior que foi melhor do que janeiro de 2022, principalmente na comercialização de espumantes. Acreditamos que 2023 será um ano muito desafiador, mas mesmo assim estimamos alguns avanços. Preparamos sete lançamentos para este ano, desde itens no meio da pirâmide até o topo, com vinhos e espumantes, além de um produto inovador, inédito no mercado. Portanto, mesmo se apresente desafiador, é um ano de perspectiva também de evoluções”, evidencia.

Recuo no mercado de vinhos

A pesquisa da Idea Consulting também aponta uma retração no mercado de vinhos. Segundo a empresa, no Brasil foram movimentados 438,8 milhões de litros no ano passado. Este volume representa uma redução de 10% sobre o total comercializado em 2021.

Nos vinhos tranquilos, os importados apresentaram redução de 7%, enquanto o de mesa brasileiro teve queda de 11%. Com relação aos vinhos finos nacionais, o recuo foi de 31%.

Esse cenário também foi observado pela Cooperativa Vinícola Garibaldi, mas que comparado a 2019 (período pré-pandemia) o índice representa aumento nas comercializações. “Na relação direta, tivemos uma queda de 6% na venda de vinhos finos. Porém, se compararmos 2022 com 2019, antes do período pandêmico, portanto, que trouxe um grande aumento no consumo, com índices acima da média tanto em 2020 quanto 2021, tivemos um crescimento na casa de 17%. Nos vinhos de mesa, tivemos um aumento de 1%. Da mesma forma, tivemos um pico na comercialização em 2020, e estamos nos mesmos patamares de vendas de 2019, portanto antes da pandemia”, explica.

Foto: Vagão Filmes/ Augusto Tomasi