A preocupação com uma possível crise da água em nível global vem alarmando populações em diversos países do mundo. Os estudos alertam para riscos da falta da água em um curto prazo. Segundo informações da Organização Mundial da Saúde a água já é escassa para um bilhão de habitantes. Discute-se hoje, não apenas o risco da escassez, mas o que representará ter acesso à água dentro de alguns anos e quem serão os agentes responsáveis pelo seu gerenciamento.
Mas, essa compreensão sobre a água com as perspectivas negativas, de disponibilidade de recursos hídricos na terra, pode ser analisada sobre outros aspectos. Na agenda de especialistas do mundo dos negócios e de organismos financeiros internacionais, o assunto é visto sob a ótica de mercado.
Segundo o professor Riccardo Petrella, fundador e secretário do Comitê Internacional para o controle global da água, as próprias posições apresentadas nos documentos dos organizadores do II Fórum Mundial da Água, realizado na Holanda, traduzem esta ótica, que trata a água como um bem econômico.
A perspectiva de uma escassez de água no mundo continua parecendo a muitos, inclusive a grande parte da mídia, uma fantasia de cientistas, ambientalistas e futurólogos a serviço global. Afinal, vivemos num planeta onde a água ocupa dois terços dos espaços existentes, sob a configuração de oceanos, mares, rios, lagos, geleiras, lençóis subterrâneos e outras formas líquidas e torrenciais chuvas e enchentes no mundo inteiro só nos fazem acreditar na permanência dos fenômenos e variações climáticas que as produzem.
OPINIÃO: ” Em meados do século dezenove houve um grande surto de cólera em Londres, o cólera era tão comum nas metrópoles e isso se devia as péssimas condições de vida. A Revolução Industrial atraia para os centros urbanos grandes massas humanas, ansiosas por trabalho. A Rainha Victória solicitou a seu médico particular, que investigasse o surto. O trabalho realizado é hoje considerado o marco fundador da epidemiologia, que é hoje, a base da saúde pública moderna. Embora não fosse então conhecida a bactéria que causa a doença, conseguiu demonstrar que a mesma estava associada à água do abastecimento. Naquela época a água era fornecida em carros-pipas, por companhias privadas. O episódio encerra várias lições. Primeira que está comprovada a tese entre água e saúde, água e doença, – não apenas a cólera, como depois se constatou: a febre tifóide, doenças diversas e hepatite. Segundo, que não se pode fazer saúde pública sem um adequado controle da água de abastecimento.
O que se remete à atual situação de nosso país , boa parte da assistência à saúde, particularmente no que se refere a ação curativa.” Dr. Moacyr Scliar (in memorian).
Para fazer saneamento básico para todos é preciso conscientizar e compreender que a água é um bem finito a ser preservado e aceitar que saneamento é uma ação preventiva da saúde.