Os sinais de pontuação esclarecem, definem, unem, separam, exprimem emoções, eliminam ambigüidades, coisa e tal. É tão importante saber usá-los como interpretar os seus significados. Um erro de leitura pode gerar grande confusão. Foi o que aconteceu com uma professora de alma superecológica, que pagou um baita mico por falta de conhecimento desta parte da gramática… aplicada à anatomia felina.

Antes de mais nada, vamos dar uma volta até a Linha Alcântara, mais precisamente no sítio dessa “franciscana”, onde ela curte seus dias de folga. Lá residem – sem sustos – várias galinhas com mais de quinze anos; mora um papagaio que vive cantando “As Mocinhas da Cidade”; lagarteiam, na maior parte do dia, três ou quatro cães polenteiros, que já não perseguem nem os pneus dos carros; samba uma mula manca, que não é do grupo musical do Recife, mas que também mostra a poesia do cotidiano; se reproduzem continuamente casais de gatos… Falei em gatos?

Pois é! Do mais recente chamego, nasceu uma ninhada de gatinhos, sobrevivendo apenas duas fêmeas, sendo uma deficiente física. A mãe, por alguma estranha razão, sumiu. Os filhotes tiveram que ser alimentados através de conta-gotas. Assim que abriram os olhos, Mel, a mais fortinha, começou a cuidar de Mia, a fraquinha, com a ajuda de Doroteia, uma cachorra que se dispôs a preencher a carência materna.

Na semana que passou, Mel foi levada a uma Clínica para ser castrada (embora amiga dos animais, a professora não pretender abrir uma creche a cada três meses). Mia foi poupada por causa de sua condição – sem um olho, com meia orelha e boca torta, a pobrezinha dificilmente atrairá gatos para a alcova.

Ontem, a professora recebeu um telefonema muito esquisito da veterinária. Vou reproduzir parte do diálogo:

-Querida, você é profe de Português?

-De Ciências… mas me viro bem no Português – respondeu a mestra, com a pulga atrás da orelha.

-Pois eu acho que você deveria estudar melhor os sinais de pontuação… – sugeriu a primeira, fazendo graça.

A professora emudeceu de espanto. Aquela era uma conversa sem pé nem cabeça… Além de não entender “bolhufas”, lhe pareceu muito estranho uma doutora chamando sua atenção para o estudo da gramática! Que incoerência! Afinal, receitas escritas nunca primaram pela clareza.

A veterinária, insistindo:

-Especialmente os dois pontos e o ponto de exclamação. Este, “Invertido”, diga-se de passagem.

Recuperada a voz, a professora sussurrou:

-Por favor, pode explicar melhor? Não estou captando a ideia…

-Claro! Preste atenção, querida profe! Antes de batizar os filhotes de gato, levante o rabinho deles e olhe. Se você vir dois pontos, é porque o bicho é macho; já, ponto de exclamação invertido, é fêmea. Em resumo: a tua gatinha Mel (risos…) está mais pra Melado…