Locadoras de filmes buscam alternativas para se manter em um mercado esmagado pelos serviços de streaming

Escolher os lançamentos ou revirar as prateleiras em busca dos clássicos e raros. Esperar ansiosamente sair do cinema e chegar na loja perto de casa. Alugar um pacote e ganhar um DVD ou uma fita de graça. Quem mantém o hábito de assistir filmes sabe que essa realidade era rotina há alguns anos, mas com a internet e os serviços de streaming tudo isso está sendo apagado pelo tempo.
As locadoras de Bento Gonçalves sentem essa realidade na pele. Nos últimos meses, pelo menos três delas fecharam as portas. As que se mantêm estão nos bairros e buscam diversificar os negócios, seja com a venda de outros produtos ou com outras estratégias para comercializar os filmes.
De acordo com o proprietário da loja Rei do Vídeo, do bairro Vila Nova, Dagoberto Medeiros, as locadoras ficaram no passado e essa é uma realidade irreversível. “É só andar pela cidade para perceber, de locação de filmes ninguém mais vive”, observa.
Embora a loja venda produtos diversos, como vestuário e materiais de uso geral, Medeiros mantém seu acervo por hobby. “Não vou dormir sem assistir dois ou três filmes, assisto de tudo, desde desenho até terror”, conta.
Como alternativa à locação, ele grava DVDs com seus títulos para quem solicitar. Na mesa de atendimento, havia pelo menos 20 filmes empilhados esperando para serem gravados. “Eu estou vendendo mais do que locando, esse sistema tem dado um bom resultado, vai indo”, comenta. Na sua opinião, o cinema também decaiu bastante, porque as pessoas conseguem encontrar tudo na internet.
Já Sérgio Favaretto, da Planeta Filmes, no bairro Progresso, ainda tem como principal renda a locação. “São pessoas que moram no bairro, tem filhos e uma cultura de assistir filmes. Elas querem qualidade e não têm muita paciência para ficar procurando”, relata. Segundo ele, a maioria é jovem.
A loja tem 10 anos, mas Favaretto assumiu a administração há um ano. Desde então, ele está buscando revitalizar o espaço, reformar a casa onde a loja funciona e diversificar o negócio. “Nós temos também a lan house, Playstation, xerox, artigos de vestuário e acessórios para o smartphone. Queremos aproveitar o espaço, mas o forte ainda é a locação de filmes”, afirma.
O foco da loja é nos lançamentos. Segundo o proprietário, o filme mais antigo do acervo, que conta com 2 mil itens, é A Paixão de Cristo, de 2004. “A renda maior vem das novidades, não temos muito antigos porque eles não dão o giro que a gente espera”, analisa Favaretto.
Os filmes mais locados na história da locadora são Todo Mundo em Pânico 4, com 170 locações e Carros, com 166 locações. O último da lista, entre os 50 mais locados, é Scooby Doo, com 95 empréstimos.