Dirigentes de entidades que reúnem segmentos da produção econômica de Bento Gonçalves defendem a retomada das atividades no menor prazo possível. Mas, admitem: seguindo as orientações das autoridades de saúde para evitar o contágio

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Bento Gonçalves, Marcos Rogério Carbone, foi enfático ao falar sobre a expectativa do setor que representa quanto à volta às atividades de forma normal: “quanto antes melhor. Claro que respeitando os cuidados recomendados pela saúde”. Carbone alerta que “parado a gente não vende nada”, e disse que não tem como fazer qualquer estimativa de prejuízos dos lojistas por causa da quarentena. “Só depois que tudo isso passar é que vai dar para analisar”, falou.

A mesma linha é seguida pelo presidente do Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Bento Gonçalves, Rogério Capoani. “Nossa expectativa é que aconteça – a retomada das atividades econômicas sem restrições – o mais rápido possível”. E classifica o último decreto municipal, autorizando parte das empresas industriais a voltarem ao trabalho como um alívio. “Mesmo que de forma gradativa, é um início positivo. Batalhamos muito para que isso acontecesse o mais rápido possível e esperamos que esse movimento comece também a destravar as demais atividades econômicas”, afirma Capoani.

Ele destacou que o CIC vem trabalhando com outras entidades do estado, no Fórum de Combate ao Colapso Social, da Assembleia Legislativa, com a finalidade de sensibilizar o Piratini, na pessoa do governador Eduardo Leite, para flexibilizar o decreto que restringe as atividades econômicas no território gaúcho. “O nosso empenho é, na verdade, para que isso tudo se antecipe – mas sempre em consonância com as práticas sanitárias recomendadas para proteger a saúde das pessoas”, explicou.

Compasso de espera

Já no âmbito do Sindicato dos Lojistas (Sindilojas) de Bento, a situação também é de espera pela flexibilização das regras de prevenção ou liberação das atividades econômicas em geral. Enquanto aguarda por novas medidas, a entidade tem se preocupado em minimizar os impactos da pandemia causada pelo Covid-19, o coronavírus, nos negócios dos associados. Neste sentido já promoveu negociação emergencial em Convenção Coletiva Extraordinária de Trabalho que tratou da concessão de férias e fixou diretrizes para formação de banco de horas dos trabalhadores de acordo com o momento que vive o setor.

O presidente do Sindilojas Regional Bento, Daniel Amadio, disse que “estamos usando todos nossos canais disponíveis para informar e orientar os associados. Dispomos de uma ampla rede de especialistas, principalmente em economia, junto a Fecomércio-RS, e todo este conhecimento está sendo compartilhado pelas redes sociais, site, e-mail e whatsapp”.

Segundo ele, “de forma prática e com uma linguagem acessível, uma série de postagens começou dia 18 de março e se estenderá enquanto houver necessidade, sugerindo, mais do que nunca ações estratégicas e atenção a detalhes que fazem muita diferença”.

Retornando

Enquanto isso as indústrias do setor moveleiro comemoram a volta ao trabalho desde a segunda-feira, 6, autorizadas por decreto municipal que estabeleceu a retomada de forma gradual e mediante observação das regras sanitárias para evitar o contágio. O Sindicato das Indústrias do Mobiliário, entretanto, acha que a normalidade no setor só será possível no segundo semestre, com retomada do nível de emprego do ano passado apenas em 2021.

De acordo com o presidente do Sindmóveis, Vinicius Benini, “as indústrias têm evitado demissões, optando pelas alternativas disponíveis, mas a implementação de medidas econômicas ainda é esperada para frear o desemprego a partir de agora, já que uma queda na produção é inevitável”. Ele destacou que o Sindmóveis está trabalhando para fazer com que as empresas, ao voltarem, tenham o aparato necessário para segurança de todos.

Ânimo renovado para enfrentar a crise

O que diz o Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Bento Gonçalves

1 – METADE da força laboral das indústrias da cidade entrou em operação segunda-feira, 6. Com as indústrias voltaram também atividades ligadas aos serviços, entre elas a construção civil.

2 – O CONTINGENTE de trabalhadores está majoritariamente inserido na indústria (38%) e nos serviços (35%), e por esta razão o CIC considera que esse retorno significa muito.

3 – EM JULHO DE 2019, o setor industrial de Bento Gonçalves, segundo a revista Panorama Socioeconômico, empregava quase 17 mil trabalhadores em seus mais de 1,5 mil empreendimentos.

4 – AS EMPRESAS do segmento industrial faturaram R$ 5,2 bilhões (2018) – ou quase 60% do total do município naquele ano, de R$ 8,9 bilhões. “É dessa substancial participação na economia que se ancora a esperança de dias melhores, levando-se em conta a capacidade de gerar riqueza”, diz o CIC.

5 – OUTRAS BASES que sustenta o otimismo vêm da diversidade da produção econômica de Bento Gonçalves.

6 – EMBORA O SETOR moveleiro tenha grande representatividade no faturamento da indústria (34,3%), segmentos como o das bebidas (18,6%), o alimentício (13,8%), o de máquinas e equipamentos (8,6%), o de borrachas e plástico (7,7%) e o de produtos de metal (7,1%) ajudam a compor um cenário mais dinâmico para a economia local, que ainda conta com setores como celulose e papel, metalurgia e produtos minerais não-metálicos, entre outros.