Após pouco mais de um ano do fim da obrigatoriedade do uso de extintores ABC em veículos de passeio, uma loja de Bento Gonçalves ainda busca formas de se reinserir no mercado. Em função da revogação da medida do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que previa a utilização das peças de segurança em carros de passeio, o prejuizo estimado foi de R$ 60 mil e ocasionou a demissão de dois funcionários.

À época, a empresa adquiriu um estoque de 1 mil extintores e pretendia, também, se adaptar para fabricar os objetos de segurança, porém, a mudança na normativa de trânsito atrapalhou os planos. Hoje o estoque ainda é de 850 peças e a loja prepara uma promoção para vendê-las por R$ 35, antes do prazo de vencimento, que é de aproximadamente três anos e meio.

Segundo a proprietária do estabelecimento, Édiva Rita Cervi, com a obrigatoriedade, os clientes faziam fila em frente ao estabelecimento para adquirir os itens. “Nós quase não dávamos conta de atender tanta gente e havíamos comprado um estoque grande para atender a demanda”, lembra.

Ela observa que infelizmente não existe preocupação com questões de segurança e, por isso, o movimento cessou após cair a obrigatoriedade. “As pessoas só pensam na multa e não nas questões de segurança, apesar de ser essencial”, expõe. Na sua opinião, o Contram derrubou a lei porque entendeu que o mercado estava cometendo injustiças com o consumidor devido ao alto preço dos extintores. “Algumas lojas chegaram a vender por R$ 150. Para ter ideia, nós vendíamos por R$ 90”, compara.

Como consequência da crise, Édiva teve de demitir dois funcionários com mais de 10 anos de empresa. “É difícil formar profissionais nessa área, mas tivemos que demitir”, afirma.Um fornecedor de Édvia, segundo ela, demitiu mais de 700 trabalhadores após a determinação do Contran.

Na busca por alternativas

Para se manter no mercado, a empresa passou a se dedicar a Projetos de Prevenção e Combate à Incêndio (PPCI). De acordo com a proprietária, a estratégia tem dado certo e a carta de clientes tem crescido. “Graças a Deus”, comemora. Para isso, o estabelecimento fez parcerias com engenheiros e arquitetos para elaboração de projetos de segurança.

Porém, um colega de Édiva teve de optar por vender a empresa devido às dificuldades financeiras. “Inclusive ele ofecereu para eu comprar sua carta de clientes, mas para nós também é dificíl”, conta. Ela expõe que o mercado está ‘complicado’, uma vez que os preços dos serviços e produtos do setor estão caindo enquanto os custos aumentam. “As empresas de outros segmentos não sofreram tanto com a questão da lei, mas para nós não foi fácil se manter com as portas abertas”, afirma.

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