Documento assinado por seis vereadores prevê prédios de até oito pavimentos na Henry Hugo Dreher e avenida Planalto

Mesmo com mobilização contrária da comunidade, vereadores propuseram uma emenda modificativa ao Plano Diretor, que prevê a verticalização da área denominada de corredor gastronômico, nas ruas Henry Hugo Dreher e avenida Planalto, no bairro São Bento. A proposta vem acompanhada de um abaixo-assinado, com 19 assinaturas, de moradores que solicitam a construção de edificações com até 10 pavimentos na região. Se aprovado, o documento libera a construção de até oito pavimentos, sendo dois como fator de ajuste. Segundo informações do Conselho Municipal de Planejamento Urbano (Complan), a preposição é contrária ao que foi proposto inicialmente no Plano.

A justificativa para modificação é que o estudo técnico inicial, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), indicava a construção de edifícios na região. Além disso, no documento consta que as vias possuem infraestrutura para sustentar a densificação e que a “verticalização não irá prejudicar o turista”. Outros argumentos levantados no texto indicam que a medida traria benefícios à mobilidade urbana, atrairia investidores, não traria problemas quanto ao escoamento do esgoto e ajudaria a controlar o déficit financeiro municipal, na medida em que concentraria a oferta de serviços públicos na região central da cidade.

Na opinião do representante da Associação dos Moradores do bairro São Bento, Marcio Chiaramonte, as alterações no Plano foram propostas por meio de uma articulação entre vereadores e interessados em construir edifícios no bairro. Ele afirma ainda que parlamentares, que haviam se comprometido com as demandas da Associação, assinaram a emenda. “Inclusive, um deles foi o primeiro que veio nos procurar e nos motivou a montar nossa estratégia”, ressalta.

Sobre o abaixo-assinado, Chiaramonte observa que maioria dos nomes não é de moradores do bairro, uma vez que constam no documento pessoas que trabalham na Prefeitura como Cargo em Comissão (CC), empresários do setor imobiliário e interessados em vender terrenos na região. “Nós não sabemos nem por onde começar para reverter isso, a solução é fazer as malas e ir embora de Bento, porque aqui poucos mandam”, argumenta.

Complan defende projeto original

De acordo com a presidente do Complan, Melissa Bertoletti Gauer, o Conselho defende a manutenção do texto original enviado aso Legislatio, na medida em que é fruto de estudos técnicos e de discussões com a comunidade e entidades representativas. “Buscamos sempre o bom projeto, ou seja, aquele que, além de válido, é positivo sob o ponto de vista urbanístico, paisagístico e até arquitetônico e que contemple o interesse coletivo de uma cidade em desenvolvimento”, comenta.

Sobre as emendas que estão sendo apresentadas, Melissa afirma que o órgão entede que até podem ser legítimas, justificáveis, até porque muitas delas vem acompanhadas das assinaturas de vários vereadores e também da população. “É prematuro emitir uma opinião neste momento, uma vez que ainda não foram aprovadas para votação”, afirma.