Com a proximidade do verão começa a corrida contra a balança. Muitos homens e mulheres preocupados com os quilinhos adquiridos no inverno procuram ajuda. Nos meses de frio, os dias mais curtos e muitas vezes chuvosos, além de restringir a atividade física ao ar livre, são um convite para procurar o conforto de casa e aumentar a ingestão alimentar, muitas vezes com alimentos mais calóricos. Agora é preciso despertar, recuperar o tempo perdido, procurar alternativas de atividade física e alimentos saudáveis que podem além de nos saciar, dar prazer. Sim é possível a alimentação de forma prazerosa e saudável!

Quanto mais cedo melhor, e mais fácil emagrecer, mas, para o próximo inverno, o ideal é não deixar de lado os bons hábitos adquiridos, idealiza a endocrinologista Roberta Miele. “Precisamos incluir a prática de exercícios na rotina durante o ano inteiro”, afirma.

Para conseguir eliminar o excesso de peso com sucesso é preciso determinação, foco e persistência. Podem ser feitas escolhas mais saudáveis constantemente, a cada dia, a cada atitude, a cada atividade, a cada refeição. No início é necessário racionalizar, ter consciência nas escolhas até chegar um momento que flui automaticamente.

Segundo Roberta a maioria das pessoas não consegue fazer essa mudança de atitudes sozinha, necessitando de ajuda profissional, por vezes de uma equipe multidisciplinar. O primeiro passo é realizar uma consulta médica para uma avaliação geral de saúde e identificação de fatores associados como causa ou consequência do excesso de peso. O profissional precisa conhecer o seu paciente, entender a relação dele com a comida, os motivos associados à alimentação sem controle, conhecer a sua rotina e suas limitações.

A partir da avaliação inicial é indicado um tratamento individualizado com objetivo de redução de peso, restauração da saúde e resgate da autoestima. Os pontos positivos são reforçados e os pacientes são motivados nas suas dificuldades. Muitas vezes o fato de se sentir cuidado, amparado e supervisionado já faz diferença no tratamento do paciente. “A obesidade é uma doença cada vez mais prevalente e deve ser tratada com todo cuidado, a situação deve ser vista como um todo e não somente uma conta de calorias”, destaca.

Já esta comprovado cientificamente que uma alimentação rica em gorduras e doces acaba gerando num círculo vicioso, isso ocorre a nível de neurotransmissores cerebrais, comenta a endocrinologista. O consumo de gorduras saturadas de cadeia longa ativa a inflamação exercendo efeitos no hipotálamo. A exposição crônica a este tipo de alimentos gera a apoptose, morte de neurônios que regulam a saciedade e o gasto calórico.

A atualização constante permite compreender cada vez mais os mecanismos que levam ao ganho de peso, a complexidade do assunto possibilita aprimorar técnicas de motivação e tratamento a oferecer. Os profissionais da saúde devem procurar métodos para auxiliar a mudar o comportamento de seu paciente para garantir a redução e manutenção do peso perdido.

O tratamento de emagrecimento se baseia na reeducação alimentar, na prática de atividades físicas, na mudança comportamental e no resgate da autoestima. Muitas vezes o tratamento com medicamentos é indicado para auxiliar nesse processo, com a devida segurança podem e devem ser usados remédios. A dieta ideal é aquela que o paciente consegue seguir! “Não incentivo às dietas “da moda” ou “da vez”, incentivo e monitoro o seguimento da dieta orientada pela nutricionista, de acordo com as necessidades e gasto calóricos individuais. Algumas vezes é indicado um suporte psicológico”, explica.

Como os hábitos que levam ao ganho de peso estão arraigados no núcleo familiar, o tratamento de um paciente poderá beneficiar toda família, o que muitas vezes acontece e faz com que Roberta se sinta gratificada. “Os pais têm muita responsabilidade na educação alimentar de seus filhos, pois os hábitos destes serão espelhados nos hábitos alimentares de seus pais, seja de forma saudável ou viciosa”, ressalta.

O tratamento abrange desde um detalhe de como ensinar o paciente a perceber a saciedade ao invés de comer em demasia, a comer devagar, a saborear os alimentos, evitar bebidas ricas em calorias, evitar refrigerante, discutir a atividade física mais indicada, até a decisão de usar remédios e da escolha de qual medicação usar.

Para se manter atualizada nos estudos e pesquisas recentes, Roberta participou, em maio, do XV Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, em Curitiba.