Aula improvisada de matemática foi ministrada em empreendimento no bairro Planalto

Até o momento, não há definição para volta às aulas em Bento Gonçalves, e a rede escolar fica nesse vaivém. Como forma de registrar insatisfação, pais de crianças do primeiro ano do ensino fundamental do Colégio Marista Aparecida, se reuniram para promover uma aula improvisada de matemática básica fora da sala de aula, em um estabelecimento gastronômico no bairro Planalto, nesta quarta-feira, 28.

A atividade foi ministrada pela professora de instituição pública, Cleonice Rigon, que leciona para turmas de anos finais do Ensino Fundamental e de Ensino Médio. Ela, que também é mãe de uma das alunas, enfatiza que para que se consiga atingir o nível de educação necessário, é fundamental que os professores retornem às salas de aula. “Meus alunos têm a desenvoltura de procurar na internet, caso não entendam algum conteúdo. Como vamos dizer aos nossos filhos: ‘vão atrás e se viram’. Podemos até imprimir atividades para dar a eles, mas como vou interagir com a criança. Todos os professores estão preparados e instruídos para ensinar, baseados em documentos que regem a educação. Se a base não ficar fortalecida agora, eu vou sofrer com meus alunos lá na frente. As crianças estão na fase de contar nos dedinhos, contar os lápis, e a profe não consegue fazer isso por live e os pais não conseguem explorar da mesma forma. Mediante a isso, os pais precisam se tornar professores. Uma profe com 60 horas, que é o meu caso, está trabalhando 120 horas semanais, no mínimo. Tenho os dois lados (materno e docência) e não estou contente com nenhum”, destaca.

A médica veterinária Maria Fernanda Flores (Tita), mãe do Augusto, seis anos, relata que a luta deles é em defesa do direito básico à educação de todos. “Não estamos recebendo apoio algum da escola. Já se sabe que as séries infantis, até os sete anos, têm fases específicas para desenvolvimentos neurológicos específicos de áreas. Se eles não têm estímulo agora, não se desenvolve, e a gente não está preparado para fazer isso em casa”, sublinha.

Até agora, não há confirmação de que as aulas terão continuidade com outras turmas do Colégio Marista. Segundo apuração da reportagem, outras escolas estão se mobilizando para se encontrarem em estabelecimentos gastronômicos e de lazer da cidade.

Fotos: Franciele Zanon