Pois é, nesses mais de trinta dias em que fiquei em recesso muita coisa aconteceu em Bento Gonçalves, no Brasil e no mundo. Mas, no Brasil é onde o que de mais importante aconteceu. As sucessivas ações da Operação Lava-Jato têm tomado quase oitenta por cento dos espaços da chamada “grande mídia”. Interessante é se notar que esse tipo de “meio de comunicação” tem se mostrado cada vez mais menos informativo e mais seletivo nos seus “ataques noticiosos”. Os destaques são dados de acordo com seus “interésses”, senão vejamos. Obviamente, o centro das atenções tem que ser a roubalheira na Petrobrás, mas, também por óbvio, não dá para se deixar passar batida a tal de “lista do HSBC”. São 8.667 brasileiros “ilustres” que foram denunciados como detentores de contas na Suíça, abertas pelo banco HSBC e flagradas por repórteres investigativos internacionais. Vários nomes que vieram a público são de pessoas ligadas aos grandes meios de comunicação, aqueles conhecidos como “barões da mídia” que estão, notoriamente, a serviço dos “donos do Brasil”. Certamente haverá de se investigar a origem da fortuna que viajou do Brasil para a Suíça. Poderão ser valores havidos legalmente, declarados para a Receita Federal, já que não é proibido ter contas bancárias no exterior. Mas, indubitavelmente, é muito “estranho” que tais nomes não tenham sido levados a público da mesma forma que os constantes da “lista do Janot”. Afinal, os brasileiros imaginam que a Policia Federal, o Ministério Público e a Receita Federal irão investigar essas contas abertas pelo HSBC. A menos que o entendimento que “os meus corruptos são melhores que os corruptos dos outros” tenha sido institucionalizado e a roubalheira seja medida por “quantidade” e não por “qualidade”. Por outro lado, a grande notícia mundial foi a manifestação pública do dia 15 de março. A forma pacífica, civilizada dos manifestantes foi destaque, sem dúvidas. Se reparos há para serem feitos certamente são ligados ao conteúdo das manifestações. Os alvos foram, indubitavelmente, o governo e a Petrobrás – menos do que os seus saqueadores, corruptos e corruptores -, sendo “esquecidos” os parlamentares e os que possibilitaram o rombo inacreditável nos cofres públicos a título de “auxílio moradia”, “aposentadorias especiais”, “recomposição de salários”, etc. Ou seja, deixaram de incluir nos seus protestos desmandos que causam déficits apreciáveis nos cofres públicos, todos revestidos com a roupagem da “legalidade”, apesar de amplamente questionáveis quanto à “moralidade”. Sartori, por exemplo, corta gastos em todos os setores, mas não obtém o mesmo do legislativo e de judiciário. Protestos “seletivos” serão tratados sempre como se apresentam: seletivamente. Por que será que a “grande imprensa” não redimensiona seus alvos para que os “protestadores” atinjam todos os envolvidos com essa coisa toda? Comprometimentos? De que tipo? De que dimensões? A conferir em futuro muito próximo.